ATA
DA DÉCIMA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 05-3-2009.
Aos
cinco dias do mês de março do ano de dois mil e nove, reuniu-se, no Plenário
Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às
quatorze horas, foi realizada a chamada, respondida pelos Vereadores DJ Cassiá,
Dr. Raul, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Juliana Brizola, Maria Celeste,
Nilo Santos, Paulinho Ruben Berta, Sebastião Melo, Tarciso Flecha Negra, Toni
Proença e Waldir Canal. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os
Vereadores Adeli Sell, Airto Ferronato, Alceu Brasinha, Aldacir José Oliboni,
Bernardino Vendruscolo, Beto Moesch, Carlos Todeschini, Dr. Thiago Duarte,
Elias Vidal, Engenheiro Comassetto, Ervino Besson, Fernanda Melchionna, Haroldo
de Souza, João Pancinha, Lucio Barcelos, Luiz Braz, Marcello Chiodo, Mario
Manfro, Mauro Pinheiro, Mauro Zacher, Nelcir Tessaro, Reginaldo Pujol, Sofia
Cavedon e Valter Nagelstein. À MESA, foi encaminhado, pelo Vereador Airto
Ferronato, o Projeto de Resolução nº 001/09 (Processo nº 0268/09). Após, foi
apregoado Requerimento de autoria do Vereador Sebastião Melo, deferido pelo
Senhor Presidente, solicitando o desarquivamento do Projeto de Resolução nº
005/08 (Processo nº 1091/08). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nos
069 e 437/08, do Senhor Valdemir Colla, Superintendente Regional da Caixa
Econômica Federal – CEF –; 900/09, do Senhor Eduardo Speggiorin, Gerente de
Desenvolvimento Urbano da CEF; 10112237 e 10112282, do Fundo Nacional de Saúde
do Ministério da Saúde. Após, o Senhor Presidente informou que o Senador
Cristovam Buarque visitará este Legislativo no dia dez de março do corrente, às
quinze horas. Em GRANDE EXPEDIENTE, pronunciou-se o Vereador Haroldo de Souza.
A seguir, constatada a existência de quórum deliberativo, foi aprovado
Requerimento de autoria do Vereador Pedro Ruas, solicitando Licença para Tratar
de Interesses Particulares no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado
empossado na vereança o Suplente Lucio Barcelos, após a entrega de seu Diploma
e Declaração de Bens, bem como a prestação do compromisso legal e indicação do
Nome Parlamentar, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Defesa
do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana. Em GRANDE EXPEDIENTE,
pronunciou-se o Vereador João Antonio Dib. Na ocasião, foi apregoado o
Memorando nº 023/09, firmado pelo Vereador Sebastião Melo, Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre, por meio do qual Sua Excelência informa a
Representação Externa da Vereadora Fernanda Melchionna, hoje, na Sessão Solene
em homenagem ao Dia Internacional da Mulher e de entrega do Troféu Mulher
Cidadã 2009, às quatorze horas, no Plenário 20 de Setembro do Palácio Farroupilha,
em Porto Alegre. Também foi apregoado
o Memorando nº 018/09, deferido pelo Senhor Presidente, de autoria do Vereador
Engenheiro Comassetto, solicitando autorização para representar externamente
este Legislativo, hoje, na abertura oficial da 2ª Festa Campeira Cabanha São
Caetano, às quatorze horas, no Bairro Belém Novo, em Porto Alegre. Em
continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador Lucio
Barcelos, que se pronunciou nos termos do § 8º do artigo 12 do Regimento. Após,
o Senhor Presidente registrou a presença, neste Plenário, do Senhor João Bosco
Vaz, Secretário Municipal de Esportes, Recreação e Lazer. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, pronunciaram-se a Vereadora Maria Celeste e os Vereadores Luiz Braz e Paulinho Ruben
Berta. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pelo
Governo, pronunciou-se o Vereador Valter Nagelstein. Em COMUNICAÇÕES,
pronunciaram-se os Vereadores Carlos Todeschini, DJ Cassiá e Dr. Raul. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se o Vereador Alceu Brasinha. Em COMUNICAÇÕES,
pronunciaram-se os Vereadores Dr. Thiago Duarte e Nilo Santos, este em tempo
cedido pelo Vereador Marcello Chiodo. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se a
Vereadora Fernanda Melchionna. Em prosseguimento, foi apregoado o Memorando nº 019/09, deferido pelo Senhor Presidente,
de autoria do Vereador Engenheiro Comassetto, solicitando autorização para representar
externamente este Legislativo, hoje, na inauguração do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, às dezesseis horas e
trinta minutos, no Auditório nº 01 do referido Instituto, em Porto Alegre. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os Vereadores Waldir Canal, Mauro Zacher
e Reginaldo Pujol. A seguir, constatada a existência de quórum deliberativo,
foi aprovado Requerimento verbal formulado pelo Vereador Toni Proença,
solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão. Em PAUTA,
Discussão Preliminar, 2ª Sessão, estiveram o Projeto de Lei do Legislativo nº
277/08, discutido pelos Vereadores Adeli Sell, Reginaldo Pujol e Engenheiro
Comassetto, o Projeto de Resolução nº 002/09. Na oportunidade, o Senhor
Presidente registrou convite formulado pela Vereadora Juliana Brizola, para Ato
Público em favor do Piso Nacional
de Salários dos Professores
Públicos, a ocorrer no dia nove de março do corrente. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER,
pronunciou-se o Vereador Beto Moesch. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pela oposição,
pronunciou-se a Vereadora Fernanda Melchionna. Após, o Senhor Presidente
convidou para Audiência Pública a ocorrer hoje, às dezenove horas, neste
Plenário, para discutir o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 020/08,
que trata da urbanização da área conhecida como Pontal do Estaleiro. Às
dezesseis horas e trinta e seis minutos, constatada a inexistência de quórum, o
Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores
Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental.
Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Sebastião Melo, Adeli Sell e
Toni Proença e secretariados pelos Vereadores Nelcir Tessaro e João Carlos Nedel.
Do que eu, Nelcir Tessaro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente
Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Antes de
iniciarmos a nossa Sessão, quero dizer que logo em seguida daremos posse ao
Ver. Lucio Barcelos, que assume no lugar do Ver. Pedro Ruas na data de hoje.
A Verª Juliana Brizola comunicou que o Senador
Cristovam Buarque estará em Porto Alegre na próxima segunda-feira e visitará a
nossa Câmara. Portanto, na Sessão Plenária de segunda-feira, teremos o
comparecimento do Senador Cristovam Buarque, que, para nós, é motivo de honra,
porque se trata de um Senador que exerce um grande trabalho na área de Educação
do nosso País.
Eu convido o Ver. Toni Proença a assumir a
presidência dos trabalhos.
O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra em
Grande Expediente.
(O Ver. Toni Proença assume a presidência dos
trabalhos.)
O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Vereadores, Vereadoras, amigos que se encontram nas
galerias, temos quinze minutos, que certamente não serão utilizados; tenho
comigo que o tempo que deve ser usado no plenário é o necessário para
justificar aquilo que estamos pensando, e não aquele negócio de “encher
linguiça”, Ver. Tarciso Flecha Negra, aquele negócio de chegar aqui e falar
quinze minutos por falar. Escrevi algumas coisas e quero começar falando de um
setor com que os grandes governantes deveriam se preocupar: a Educação. Eu
tenho um folheto aqui na mão que vem da Verª Juliana Brizola, dizendo: “Que
Educação queremos?” A Educação que nós queremos, Verª Juliana Brizola, é aquela
da igualdade, sim, em que todos tenham acesso à escola. E eu, que não sou
ligado às coisas partidárias, talvez esse seja o meu erro, diria que podemos
perder o trem da história com um dos homens, um dos políticos do momento em
melhores condições de dirigir este País, porque toda a sua preocupação está
voltada para a Educação: o Sr. Cristovam Buarque, que foi candidato à
Presidência da República, defendendo a Educação. Ele não teve sorte, porque,
olha, vencer Lula, Collor...!
Aliás, por falar em Lula e
Collor, vejam a salada de frutas. Como é que nós podemos ser felizes se há
vinte anos, Ver. João Antonio Dib, Calheiros, Collor, Sarney e Lula não se
bicavam, e hoje o Brasil é governado por esses homens?! Por Renan Calheiros,
que é do meu PMDB, mas é uma figura nefasta à política brasileira; para mim,
ele já devia ter sido riscado do mapa político-parlamentar há muito tempo. E
não é pelo seu envolvimento com aquela jornalista, pelo contrário, não estou
nem aí; a vida particular de cada um que cada um resolva. Agora o homem público
tem que dar satisfação à sociedade brasileira, e Renan Calheiros é despido de
qualquer moral para comandar o Congresso Nacional, como está comandando. Renan
Calheiros era da “tropa de choque” de Fernando Collor de Mello, que, ontem, foi
guindado ao posto de Presidente da Comissão de Infra-estrutura do Senado. Ele
vai observar, fiscalizar e decidir sobre o PAC do Governo Lula. Mas o Lula não
era um homem diferente da política brasileira? O Lula, com a bandeira do
Partido dos Trabalhadores, não se apresentava neste País com as bandeiras da
ética e da moral? Ou não era o Lula? O Lula era outro?
Hoje
temos José Sarney abraçado ao Lula, temos Calheiros abraçado ao Lula e agora
temos Fernando Collor de Mello decidindo no Governo de Lula, do Partido dos
Trabalhadores. É uma salada de frutas que nos enoja, eu fico enojado de ter que
conviver no mesmo Partido com José Sarney. A gente esquece muito fácil o que os
homens públicos fazem para nós. José Sarney é uma figura nefasta. Ainda
representa o coronelismo, é o “coronel” do Nordeste, é dono daquela região,
elege-se tanto pelo Maranhão como por qualquer outro Estado vizinho a ele, onde
tenha domínio a família Sarney. Então o Brasil hoje é dirigido por um coronel,
por um quadrilheiro, Renan Calheiros; os dois são do meu Partido.
E,
quando eu falo do meu Partido, tenho liberdade de falar dos demais, tenho
direito, sim, de falar dos demais, porque não estou levando ninguém para
compadre. Então a partir do instante em que a sociedade brasileira, o
eleitorado brasileiro teve a oportunidade de renovar, pensando que o Partido
dos Trabalhadores seria realmente diferente, mais uma vez vacilamos, mais uma
vez erramos ao não darmos oportunidade a um homem como o Cristovam Buarque, que
representaria o segmento da Educação, da Cultura deste País, mas,
principalmente, da Educação. E nós não atingiremos, Ver. Airto Ferronato,
posição nenhuma de destaque no planeta Terra se não atentarmos diretamente para
a Educação, acima de qualquer coisa. Falo na Educação acima de qualquer coisa,
porque, enquanto essa Educação não for igual para todos, enquanto todos não
tiverem acesso à melhor Educação deste País, vamos continuar elegendo os “renan
calheiros” da vida, vamos continuar convivendo com os “josé sarneys” da vida!
Nós vamos continuar convivendo com Fernando Collor de Mello, que volta depois
de enxotado do Palácio do Planalto, ou os senhores já se esqueceram disso? E
ele volta para decidir sobre o PAC, a coisa mais importante do Governo Lula.
Então, se eu penso no Lula, um dos melhores Presidentes que este País teve
pós-ditadura, vejo nele, também, politicamente, um homem absolutamente igual
aos outros, “farinha do mesmo saco”. Estes nomes é que estão dirigindo o
Brasil: a “tropa de choque” do Collor; José Sarney, nós sabemos a história
dele, é o “coronel”; e o Lula, aquele que nada sabe e que sabe tudo! E homens
como Cristovam Buarque, que pensam na Educação, ficam fora do contexto
político; nós temos que pensar, sim, que só a Educação é que poderá resolver
essas coisas.
O
movimento social - e agora já é outro assunto -, que vai pacificamente às ruas
com apitos, buzinaços, panelaços, badalar de sinos, é extremamente válido,
extremamente saudável numa democracia. Agora, o movimento social que vai à luta
como se fosse à guerra, com invasões, com depredações do patrimônio público ou
privado e assassinatos, é profundamente negativo quando se pensa em democracia
forte, saudável, com a garantia de todos participarem harmoniosamente. Há muito
tempo, o MST, o famigerado Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, faz baderna
em nosso País, sim, Verª Fernanda Melchionna! Não é de hoje que homens e
mulheres se escudam em crianças, covardemente, escondem-se atrás de mulheres e
partem para a agressão, depredam bens públicos e privados, invadem
propriedades, que, na maioria das vezes, são um patrimônio construído com o
suor de algumas gerações, de homens e mulheres que nasceram no campo e da terra
construíram as suas vidas sem invasões.
Se
prestarmos atenção no tempo da política brasileira pós-ditadura militar, veremos
que os segmentos sociais que usam da violência para atingir seus objetivos, nem
sempre verdadeiros no sentido exato da palavra, têm apenas um nascedouro: a
formação no sentido exato do próprio Partido dos Trabalhadores, que nasceu nas
fábricas, nos sindicatos e também veio da terra. Chegando ao poder, o PT
apresentou um fenômeno, que é o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula,
que ninguém sabe direito de que maneira tem toda a sua aprovação junto à
sociedade, senão aquela que é identificada pelo Bolsa Família, “bolsa comida”,
“bolsa geladeira”, “bolsa escola”, “bolsa da bolsa”, bolsa que sai do bolso do
povo para encher a bolsa dos votos. Tudo bem! Cada um faz o Governo que julga
certo. Mas permitir que um bando de aloprados - e esse termo é do Lula - saia
por aí invadindo, quebrando e repetindo assassinatos em sua trajetória já é uma
história bem diferente.
O
MST é um Governo paralelo que decide até que ensinar suas crianças em bancos
escolares tem que ser por conta deles. Mas onde já se viu isso?! É inadmissível
que numa sociedade construída e voltada para a democracia se permita que
crianças recebam ensinamento diferenciado, sem qualidade, inferior ao que o
Governo garante dentro de suas possibilidades financeiras e, lamentavelmente,
dentro dos interesses políticos de grupos ou do político mais esperto. O Brasil
é um só, e o slogan do Governo “Brasil - Um País de Todos” contraria o
que decidem os homens e mulheres que formam esse, para mim, famigerado grupo de
delinquentes, que vivem à custa do nosso dinheiro e raríssimas exceções tendo
em suas fileiras gente que realmente quer a terra para trabalhar. É conversa
mole para boi dormir. Se nós, que, de uma maneira ou de outra, enveredamos
nossos caminhos por outro tipo de comportamento na sociedade, assistirmos
passivamente a esses atos criminosos do MST, estaremos colaborando também,
dando força moral para que a violência no campo - e agora nas cidades -
estabeleça seus quartéis para ações contra o próprio País.
O
Brasil é um País de frouxos, somos frouxos por natureza. Não aparece no
Planalto um homem de fato ou uma mulher de verdade para pôr ordem nessa bagunça
generalizada em que se transformou o nosso País, é o tal de gigante que
continua em busca do seu grande destino, que nunca chega. Se o sonho é um
direito de todos, se quem não sonha não tem direito à própria vida, eu fico
sonhando, Ver. Pancinha, com o momento em que este País seja assumido por um
homem político - não por um político homem - ou por uma mulher que traga no seu
coração, ao longo da vida, o exercício do amor, que é inerente a toda mulher de
bem. Agora, Dilma Rousseff!? Vou ser presidido por uma ex-guerrilheira?
Ex-assaltante de banco? Essa mulher, não! Tem que ser aquela mulher pura, com o
seu coração voltado realmente para o amor, para a harmonia. Ex-guerrilheira,
assaltante de banco?! Tragam Hugo Chávez, tragam Evo Morales, façam uma
conferência, reúnam a caterva, e vamos ver o que vai acontecer na América. Eu
sempre defendi cargos para as mulheres, os mais elevados cargos deste planeta!
Os senhores que me acompanham há oito anos neste Plenário sabem a
irresponsabilidade e a incompetência de nós homens ao longo da história da
humanidade - ao longo da história da humanidade, eu estou dizendo. Com raras
exceções de algumas mulheres brilhantes, nós homens, incompetentes, não
conseguimos levar a bom termo nenhum segmento social não só no Brasil, mas em
todo o mundo. Agora, defendo uma mulher que seja íntegra, uma mulher do tipo da
Lia Luft. Seria legal? Seria, mas essa pela sua qualidade, pelo seu coração e
pela sua cabeça não vai se meter neste meio em que estamos, em que é tão
difícil conviver nos dias atuais.
Sobre
o episódio do PSOL: as denúncias que foram feitas pela Deputada Federal Luciana
Genro e pelo Ver. Pedro Ruas escancararam a necessidade de esclarecimentos
totais e definitivos sobre o atual Governo Yeda. Metade ou um por cento das
denúncias feitas, se comprovadas, já seria motivo suficiente para a Srª
Governadora deixar o Palácio Piratini. Estranha-me que denúncias tão pesadas
como as feitas pelo PSOL não tenham despertado nas hostes palacianas uma reação
à altura da gravidade dos fatos.
Confiar
na Justiça é fator primordial, Verª Maria Celeste, para acreditarmos no modelo
da democracia que escolhemos, mas o silêncio deixa o Estado em permanente
situação de alerta. Se a Governadora não deve e não teme nada, que peça
judicialmente a liberação dos processos aludidos pelos políticos do PSOL. E a
própria Justiça deveria, no caso, também vir a público e esclarecer o que se
deseja saber. Não é o caso comum, corriqueiro, por tratar-se de órgão que
governa, que dirige a Justiça, também poderia antecipar um sim ou não nessa
confusão toda.
Eu
não posso acreditar na irresponsabilidade do Pedro Ruas, não posso acreditar na
irresponsabilidade de Luciana Genro. Agora, Ver. Mauro Zacher, se eles não
comprovarem nada do que denunciaram, que lá no Congresso Nacional a Luciana
Genro seja chamada às falas e tenha o seu mandato perdido. E aqui, na Câmara
Municipal de Porto Alegre, se o PSDB não tomar providências, este Vereador vai
tomá-las. Se não tivermos provas, se não apresentarem provas, eu vou pedir uma
CPI para a cassação de mandato do Ver. Pedro Ruas, porque ninguém pode ser
irresponsável assim! Se forem verdadeiras as denúncias, com certeza, os dois
estarão prestando um enorme serviço ao Rio Grande do Sul; agora, se elas forem
mentirosas, se forem denúncias vazias de um Partido que quer porque quer
aparecer na mídia e se firmar no conceito político brasileiro, ah, o “bicho vai
pegar” nesta Casa! O Sr. Pedro Ruas vai ter que prestar contas no Conselho de
Ética, para continuar fazendo valer os seus treze mil votos, e não simplesmente
para fazer politicalha. Nem aqui e nem no Congresso Nacional. Lá não podemos
fazer nada, mas aqui nós podemos.
Então,
quero deixar bem claro e repetir mais uma vez: se um por cento das denúncias de
Pedro Ruas e Luciana Genro forem verdades, Yeda precisará deixar o Palácio
Piratini; e, se não há verdade, se não acontecer uma ponta de verdade, Pedro
Ruas e Luciana Genro precisam, sim, ser cassados! E, se depender deste
Vereador, o “bicho vai pegar”. O que não podemos mais é admitir que se acuse
sem provas, tirando proveito disso, e que denunciantes sejam poupados em nome
de uma tal imunidade parlamentar. São denúncias graves que precisam ser
apuradas com punição aos culpados, seja quem for. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Toni Proença):
Muito obrigado, Ver. Haroldo de Souza.
O Ver. Pedro
Ruas solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia 05 de março
de 2009. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o Pedido de
Licença permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O Ver. Lucio
Barcelos assumirá no lugar do Ver. Pedro Ruas. Solicito ao Ver. Lucio Barcelos
que entregue seu Diploma e Declaração de Bens a esta Mesa.
(Procede-se à
entrega do Diploma e da Declaração de Bens.)
O
SR. PRESIDENTE (Toni Proença):
Solicito que os presentes, em pé, ouçam o
compromisso que o Ver. Lucio Barcelos prestará a seguir.
O SR. LUCIO BARCELOS: "Prometo cumprir a Lei Orgânica do Município de Porto Alegre,
defender a autonomia municipal e exercer com honra, lealdade e dedicação o
mandato que me foi conferido pelo povo." (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Declaro empossado o Ver. Lucio Barcelos. Seja
bem-vindo. O nome de V. Exª já está aqui consignado, Ver. Lucio Barcelos, V.
Exª integrará a Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança
Urbana.
O Ver. Lucio Barcelos pode-se manifestar, conforme art. 12 do Regimento.
(Pausa.)
Convido o Ver. Adeli Sell, Vice-Presidente desta Casa, a assumir a
presidência dos trabalhos.
(O Ver. Adeli Sell assume a presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Lucio Barcelos falará logo após o
período do Grande Expediente.
O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Grande Expediente.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Ver. Adeli Sell, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, na segunda-feira o Presidente da Câmara Federal,
Michel Temer, para poder acessar o plenário da Câmara, teve que ser protegido
pelos seguranças da Câmara, uma vez que Suplentes de Vereadores lá estavam
exigindo a assinatura da Emenda à Constituição feita pelo Deputado Pompeo de
Mattos, modificada pelo Senado. No ano passado, o Presidente Chinaglia não quis
assinar porque não era a mesma coisa o que havia sido aprovado na Câmara e o
que foi aprovado no Senado. Eu tenho que me perguntar: será que é preciso mais
Vereadores? Depois eu vou chegar a isso.
Primeiro, quero falar mesmo é do Congresso Nacional. Ontem eu assisti à
parte das coisas que ocorriam no Congresso - Senado e Câmara Federal. Nós
tomamos como exemplo os Estados Unidos para muitas coisas. Lá eles têm um milhão de quilômetros
quadrados a mais do que nós; eles têm vinte e três Estados mais do que nós; cem
milhões de habitantes mais do que nós e muito mais dinheiro do que nós. Eles
têm dois Senadores por Estado e um total de 435 Deputados. Se fizéssemos a
mesma proporção, teríamos 234 Deputados e 54 Senadores, mas a nós, como não
temos as mesmas condições que eles, eu acho que bastariam apenas quarenta
Senadores. Mas eu vi o Senado, que tem 81 Senadores, votando matérias de
extrema importância, Embaixador na Alemanha... Nós vamos mandar alguém ser
Embaixador na Alemanha sem discutir alguma coisa, sem saber quem é a figura? E
não havia sessenta Senadores. Portanto, isso não era preciso mesmo; quarenta
bastariam. Por mais que o Presidente chamasse, nunca conseguiu passar de 56, e
o Presidente quem era? Aquela figura sobre a qual a Verª Juliana Brizola falou.
Disse-me que, lá no Maranhão, perguntam: “Se o imortal Sarney um dia vier a
falecer, quem será o herdeiro do Maranhão? O povo ou os seus filhos?” É uma
pergunta inteligente, interessante, porque, na verdade, ele já está amealhando
mais alguma coisa lá no Amapá, pois ele é Senador pelo Amapá, ou seja, o quarto
Senador do Maranhão. Está conseguindo levar para o Maranhão mais algumas
coisas. E é sobre ele que o Senador Jarbas Vasconcelos disse (Lê.): “[...] De
repente, Sarney apareceu como candidato, sem nenhum compromisso ético, sem
nenhuma preocupação com o Senado e se elegeu. A moralização e a renovação são
incompatíveis com a figura do Senador”. É uma figura tétrica até, mas ele
estava bem acompanhado. E sobre Senador Renan Calheiros ele diz (Lê.): “Não tem
nenhuma condição moral ou política para ser Senador, quanto mais para liderar
qualquer Partido. Renan é o maior beneficiário desse quadro político de
mediocridade, em que os escândalos não incomodam mais e acabam se incorporando
à paisagem”. De acordo com Jarbas Vasconcelos, o Senado não reagiu, a não ser
numa Sessão fechada, em que brigaram bastante no PMDB, mas não publicamente.
Mas ontem lá estava a figura tétrica do Sarney, o
pior brasileiro que já nasceu, presidindo a Sessão do Senado, uma Sessão que
não tinha sessenta Senadores presentes, nunca passou de 56, e são 81, portanto
apenas dois terços estavam presentes; eu acho que 40 Senadores chegavam, porque
tenho certeza de que estariam presentes. Mas o Renan Calheiros retalhou a
declaração do Jarbas Vasconcelos e impediu que ele ficasse na Comissão de
Justiça. Foi feita justiça com Jarbas Vasconcelos pelo homem que renunciou à
presidência do Senado, um honroso posto, sem dúvida nenhuma, por falta de
honra, por falta de dignidade, por falta de passado correto, igual ao Sr.
Sarney, que acumulou fortunas imensas, a família toda tem problemas, e agora
parece até que a sua filha, que ele quis vender para o Lula em troca de um
Ministério, será Governadora do Maranhão, e aí a família Sarney vai melhorar mais
ainda! É um caso a ser examinado: se o imortal falecer, Maranhão vai para o
povo ou vai continuar na família Sarney? Mas não é só o Senado que tem
Senadores em excesso, até um Diretor-Geral tem uma casa de cinco milhões de
reais; não se sabe como, mas tem.
O Presidente da República, o Sr. Luiz Inácio Lula
da Silva, tem 40 Ministros, e eu duvido que ele saiba o nome completo de todos!
Ele é capaz de passar por algum na rua e não saber quem é, porque 40 Ministros
é muito. Os Estados Unidos têm oito ou dez Secretários de Estado, nem se chamam
Ministros; alguns não chegaram a assumir agora por causa de uma dívida de 300
dólares ou de 900 dólares que foi descoberta. Agora, aqui, para ser Ministro do
Lula, quanto mais tenha
colocado a mão, mais fácil fica para ser Ministro. Claro que há honrados
Ministros, mas de alguns Senadores tenho muitas dúvidas. Aliás, não sou eu que
tenho dúvidas, é a população, é a Justiça, todo o mundo tem. Então, em vez de
simplificar para poder governar com menos custos para o País, faz 40
Ministérios, 40 gabinetes, não há prédios para todos os Ministérios, até o
indivíduo que chamou o Presidente de maior corrupto da história é seu Ministro.
São
513 Deputados, mas para que Deputados neste País, se o Presidente Lula governa
por medida provisória? E eu gosto de ouvir mais o Senado do que a Câmara
Federal, porque há Senadores que falam muito bem, e nós aprendemos alguma
coisa. Tanto ouço Senadores como Deputados, todos dizem que tem de terminar com
as medidas provisórias, só que não fazem nada, continuam recebendo medidas
provisórias.
Ontem
ouvi no Senado sobre um Projeto de Lei que visa combater a pedofilia, é do ano
de 2003, está pronto para ser votado, e o Senador Magno Malta chamou um
pedófilo de São Paulo de nojento, de miserável, de desgraçado, usou todos os
adjetivos que ele conhecia, que fossem possíveis - parece que o Magno Malta é
pastor, não sei - e pediu que votassem no Projeto de 2003, que combate a
pedofilia. “Não, não dá para votar!”, mas as medidas provisórias são votadas, e
os discursos são longos. Quando o Senador Mão Santa preside a Sessão, ele diz:
“O tempo que entender necessário para expressar o seu pensamento”. O Ver.
Haroldo de Souza disse que não iria usar os quinze minutos, usou quinze minutos
e meio.
O
Sr. Carlos Todeschini: V.
Exª permite um aparte?
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Ver.
Carlos Todeschini, como V. Exª está ansioso por um aparte, eu lhe concedo com
muita honra.
O
Sr. Carlos Todeschini:
Ver. João Antonio Dib, cumprimento-o e lhe agradeço pelo aparte, V. Exª não
está aqui tecendo uma crítica ao Congresso Nacional, à Câmara dos Deputados e
ao Senado, mas vejo que V. Exª discute os assuntos de pertinência da Câmara e
do Senado. Parece-me aqui que V. Exª está quase assumindo um papel de Senador.
Vossa Excelência não acha que nós teríamos assuntos altamente relevantes que
dizem respeito ao Governo Municipal para serem discutidos num espaço
privilegiado como o Grande Expediente? Vamos nos ater, mais uma vez, por
exemplo, aos problemas da Saúde enfrentados pelo Município de Porto Alegre.
Obrigado.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Nobre
Ver. Todeschini, sou grato pelo brilhante aparte de V. Exª, pela aula que
recebi, mas V. Exª não sabe que nós estamos mal em Porto Alegre por causa do
Governo Lula, por causa do Senado Federal, por causa do Congresso como num
todo?! Vossa Excelência não sabe disso? Vossa Excelência não sabe que, no ano
passado, a Saúde, de que V. Exª fala agora, foi impedida de votar pelas medidas
provisórias, quando uma parte da Câmara - é claro, eu acho que o PSOL queria
votar, eu acho que alguns do meu Partido queriam votar, os Democratas queriam
votar - votou a regulamentação da Emenda Constitucional nº 29, que faria com
que o Governo Lula usasse 10% da sua arrecadação tributária na Saúde, e ele não
permitiu que votassem. Ora, V. Exª quer me dizer sobre o que eu devo falar? Vai
ter que passar muito tempo nesta Câmara para poder me dar uma aula! Não tem
condições de me dar aula!
Então,
eu vou falar, já que V. Exª quer que eu fale, sobre a Câmara. Quanto eu cheguei
à Câmara, havia 19 Vereadores, lamentavelmente dois haviam sido cassados. No
meu primeiro mandato havia dezenove, no segundo mandato havia 21 Vereadores e
três Comissões: Comissão de Justiça, Comissão de Serviços Municipais e Comissão
de Finanças. Agora, há 36 Vereadores, e querem que sejam 37, eu acho que o bom
mesmo seriam 11. Agora, com 21 Vereadores, com três Comissões, eu nunca vi um
Projeto de Lei passar de um ano para o outro. Agora, há Projeto de Lei na Casa
de 1992, está na Ordem do Dia. Então, na verdade, nós temos seis Comissões, 36
Vereadores, e querem que sejam 37. Se forem 37, o Dr. Raul, que é o trigésimo
sétimo, está como Suplente, passará a titular. Eu acho que falar nesse conjunto
de legisladores que estão sobrando neste País, que não se reúnem para resolver
os problemas da Pátria, mas atendem às medidas provisórias do Presidente Lula,
como se escravos fossem... Eles não fazem diferente, se com eles lá não
funciona bem, eu não posso fazer funcionar a Prefeitura de Porto Alegre, muito
menos o Estado do Rio Grande do Sul, porque todo o dinheiro arrecadado é da
União, que sabe criar taxas, contribuições, Cofins, tudo para fazer uma espécie
de cupim, para levar o dinheiro do povo, para usar da maneira que o Governo
Federal quiser fazer, com medidas provisórias, porque aí, então, a coisa
funciona.
Não,
eu precisava que houvesse 40 Senadores, eu precisava que houvesse 234
Deputados, eu queria 11 Vereadores para Porto Alegre, e aí iríamos funcionar
muito e muito bem, porque custaria menos ao Legislativo, não o nosso aqui, mas
o Legislativo do Senado, são 3 bilhões reais, e a Câmara Federal deve ser uns
10 bilhões de reais. Então, se tivéssemos menos Deputados e menos Senadores,
teríamos menos gastos, e é possível aplicar na parte social, que nós tanto
almejamos. Então, Vereador, tudo que está errado está lá com o Dr. Lula, que
tem 40 Ministros, e um o chamou de o mais corrupto de todos os Presidentes.
O
Sr. Valter Nagelstein:
V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Mais uma vez quero
cumprimentar a precisão da manifestação de V. Exª e quero dizer que estranho a
manifestação do Ver. Todeschini. O Ver. Todeschini, parece-me, faz, às vezes,
de censor da Casa, ou quem sabe de corregedor, tomara que ele não tenha castelo
nenhum. Mas ele tem sido o corregedor aqui da Casa - tomara que V. Exª não
tenha castelo. Nós temos que tratar de todos os assuntos da política
brasileira. Nós somos agentes políticos, estamos aqui para isso.
E
ontem eu vi: não há política mais perversa do que a política de juros que o
Governo Federal continua instituindo. Se reduzíssemos o teto que é estabelecido
hoje para 7%, e basta um gesto de vontade do Governo Federal, portanto do
Presidente Lula, teríamos - principalmente quem conduz a política brasileira,
que é o Governo Federal, dirigido pelo Presidente - neste ano um excedente de
mais de 30 bilhões de reais, algo que seria possível construir em um ano, Ver.
João Dib, mais de um milhão de casas populares em nosso País. E esta é a
política que temos: uma política que dá tanto aos banqueiros, e diz-se um
Governo social, um Governo preocupado com as pessoas mais pobres.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Eu
encerro, Sr. Presidente, dizendo que o meu querido amigo Atílio Todeschini quis
me dar uma aula, mas ainda não está preparado para tanto. Saúde e PAZ!
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell):
Paz, Ver. João Dib. Informo que a Verª Fernanda Melchionna representa esta
Presidência na Sessão Solene em homenagem ao Dia Internacional da Mulher e
entrega do Troféu Mulher Cidadã 2009, às 14 horas de hoje, na Assembléia
Legislativa.
Informo
que o Ver. Engenheiro Comassetto representa esta Casa na abertura oficial da 2ª
Festa Campeira, Cabanha São Caetano, na data de hoje, às 14 horas.
Ainda no dia de ontem, se
os senhores recordarem, tivemos a informação de uma grande tragédia no interior
do Estado com a morte de oito cidadãos que se dirigiam a Porto Alegre para
buscar atendimento de saúde aqui na Capital. Esse é um processo que até hoje
não se resolveu. É um processo que está ligado, por um lado, ao problema do
financiamento desse Sistema de Saúde, e, para além da questão do financiamento,
é um processo que está ligado a um problema que diz respeito à estrutura desse
sistema. O Sistema de Saúde é um sistema que se supunha ou se pressupunha na
Constituição de 1988, na Lei Orgânica de 90, que seria um sistema público, um
sistema universal, um sistema de responsabilidade direta do Estado. Esse
processo de conformação de um sistema de natureza pública, em nenhum momento
até hoje, chegou a se concretizar. Então, nós temos um Sistema de Saúde no
Brasil e em Porto Alegre também majoritariamente vinculado aos setores privados
e minoritariamente vinculado ao setor público. E, enquanto não for resolvido
esse problema, enquanto não se alterar essa relação do serviço público de
Saúde, enquanto ele não passar a ser um serviço de obrigação direta da União,
do Estado e dos Municípios, enquanto não houver essa mudança da natureza do
sistema, não basta colocar mais recursos, não basta colocar mais serviços,
porque esses serviços vão estar sempre à disposição de um setor já privilegiado
na sociedade.
Então,
nós advogamos... Hoje ainda conversávamos com os funcionários do Hospital de
Pronto Socorro, que passam por uma situação extremamente difícil, e o Hospital
de Pronto Socorro é uma referência para o Estado do Rio Grande do Sul. Os
funcionários do Hospital de Pronto-Socorro não têm tido as mínimas condições de
trabalho, de estruturação, de equipamento, dos meios mais modestos para poderem
exercer as suas atividades. Essa questão, para quem olha de fora, parece que
está resolvida, mas, muito pelo contrário, ela está se degradando, e nós temos
de intervir. O nosso propósito, enquanto Vereador, é intervir nas questões da
Saúde, para resolver e para melhorar as questões do Pronto Socorro, de toda a
região do Murialdo, de toda a região da Restinga e de todas as questões que
dizem respeito à Saúde.
E
combinado com isso, evidentemente, nós temos problemas que dizem respeito à Cidade, ao
meio ambiente. Hoje teremos aqui uma Audiência, às 19 horas, extremamente
importante, que diz respeito ao método democrático de resolver os problemas do
Plano Diretor do Município de Porto Alegre e do Pontal. Nós entendemos que isso
tem que ser da forma mais democrática possível. Obrigado.
(Não revisado pelo orador).
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Lucio
Barcelos fez o seu pronunciamento, Suplente da Bancada do PSOL, assumindo hoje
a titularidade no lugar do Ver. Pedro Ruas, usando seu tempo regulamentar. Foi
um privilégio ouvi-lo, meu caro Lucio Barcelos.
Queria anunciar a presença do Secretário de
Esportes, Ver. João Bosco Vaz. É sempre um prazer recebê-lo aqui nesta Casa.
A Verª Maria Celeste está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
A SRA. MARIA CELESTE: Sr.
Presidente, Ver. Adeli Sell; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, eu ouvi atentamente
as declarações dos Vereadores, especialmente no Grande Expediente, e quero
concordar com o Ver. Haroldo: é importante que o Parlamento tenha posições
fortes sobre as questões de corrupção no nosso País. Concordo plenamente.
Agora, eu queria também saber qual é a posição do PMDB, que é o Partido do
nobre Vereador que estava aqui, frente às denúncias que foram feitas pelo PSOL,
frente às denúncias de corrupção no Estado do Rio Grande do Sul. Isso eu
gostaria de saber. Mais do que isso, gostaria também de entender por que o
PSDB, o PMDB, o PPS e o PDT não concordaram, não assinaram o Requerimento
proposto pelas Lideranças dos Partidos na Assembléia Legislativa, Requerimento que
requisitava informações oficiais sobre as denúncias do PSOL, feitas no Estado
do Rio Grande do Sul, ao Ministério Público Federal. Por que será que esses
quatro Partidos não se manifestaram? Eles não votaram com os demais Partidos na
Assembléia essa solicitação tão simples, um Requerimento tão simples como esse, tão decantado aqui pelo Ver.
Haroldo de Souza, que é a questão do combate à corrupção, algo que precisamos
combater no nosso País, no Governo Federal. E precisamos fazer aqui no Estado
do Rio Grande do Sul também.
E
agora existe também, no Parlamento, uma inovação. A Deputada Luciana Genro...
Aqui ouvi ameaças neste Parlamento, nesta tribuna, de que o Ver. Pedro Ruas
pode sofrer penalização com Comissão de Ética. Mas não é uma das atribuições
dos Parlamentares do nosso País fiscalizar os Executivos? No exercício da nossa
responsabilidade, sofremos agora pressão no Congresso e ameaças nesta Casa.
Existe, Ver. Valter Nagelstein, pelo jeito, mais de um corregedor neste
plenário, mais de um corregedor, porque, no exercício e na atribuição legal do
Parlamento no Município, no Estado e no Congresso, surgem questionamentos em
cima dessas ações e, mais do que isso, ameaças com Comissões de Ética. Nós não
concordamos com isso, e não vamos concordar, jamais iremos concordar. Vamos
perseguir a verdade, buscando juntos, como foi feito no dia de ontem, através
dos Partidos do PDT, do PCdoB, do PSB, do PT, junto ao Ministério Público,
reforçando e endossando a necessidade dos esclarecimentos levantados pelo PSOL.
É isso que nós temos que fazer, não temos que ter medo de nos posicionar,
especialmente o PMDB, de buscar a verdade, não devemos passar a mão por cima de
fatos que envolvem a Governadora do Estado do Rio Grande do Sul.
E
é interessante, porque eu ainda não ouvi do Senador Pedro Simon nenhuma
declaração a respeito das denúncias de corrupção no Estado do Rio Grande do
Sul. O douto Senador da nossa República, que se manifesta com todas as suas
questões em nível nacional, não se posicionou ainda sobre essas denúncias aqui
no Rio Grande do Sul. E Jarbas Vasconcelos, que é do PMDB, que fez denúncias na revista
Veja, foi - vejam só - afastado, pelo próprio Partido, da Comissão de
Constituição e Justiça do Senado. É essa postura que estamos vendo;
lamentavelmente, são duas medidas completamente diferentes: lá no Congresso e
aqui no Estado do Rio Grande do Sul. Agora, nós vamos perseguir sempre a
verdade, vamos sempre estar juntos com os outros Partidos na Assembléia e na
Câmara Municipal, combatendo a corrupção, porque o povo gaúcho merece saber a
verdade a respeito das denúncias colocadas pelo PSOL. Obrigada, Sr. Presidente.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Luiz
Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores,
senhoras e senhores; Verª Maria Celeste, eu não sei se V. Exª é contra a
corrupção, como afirma aqui desta tribuna, ou se V. Exª só está fazendo um jogo
de cena, porque não lembro, por exemplo, quando houve aquela corrupção dentro
do seu Partido envolvendo o Diógenes, de nenhum pronunciamento seu. Então, V.
Exª não é contra a corrupção. Também com relação ao “mensalão” e à volta dos
“mensaleiros” ao poder, eu não lembro de nenhum pronunciamento seu. Então, V.
Exª não é contra a corrupção; V. Exª faz um jogo de cena para valorizar o seu
Partido.
Eu não vi, Verª Maria Celeste, até agora - e V. Exª
também não viu - nenhuma prova contra a Governadora ou contra qualquer membro
do Governo hoje, aqui no Rio Grande do Sul. Nenhuma prova! Com toda a
consideração que tenho - já afirmei isto aqui, ao Ver. Pedro Ruas e à Deputada
Luciana Genro -, acho que eles fizeram denúncias sem provas. Lá no Congresso
Nacional, o Deputado José Aníbal já entrou com uma representação contra a Deputada Luciana
Genro. Acredito que está lá no fórum adequado para discutir com a Deputada
Luciana Genro ou para ver se realmente o que ela fez foi um exagero. Se for,
vai ser punida por isso. Aqui me cobraram, como Vereador e como Liderança do
PSDB, que eu entrasse, Ver. João Antonio Dib, com uma representação contra o
Ver. Pedro Ruas. E eu achei que não deveria, como membro do PSDB. E não deveria
porque acredito que essas coisas vão acabar se resolvendo. Eu ouvi o
pronunciamento do Ver. Haroldo de Souza - eu realmente não gostaria que
acontecesse isso nem aquilo -, que disse com todas as letras que, se o Ver.
Pedro Ruas não apresentar as provas, ele vai pedir uma Comissão de Ética para a
cassação do Ver. Pedro Ruas.
Então, acho que essas coisas
estão bem encaminhadas com relação ao terreno ético e ao terreno punitivo, Ver.
Beto Moesch. Agora, alguém que vem aqui e se mostra contra a corrupção tem que
ser contra a corrupção também dentro do seu Partido, porque senão não tem
lógica. Quer dizer, o seu Partido pode corromper à vontade, e os outros? O
problema é só nos outros? No PT, meu Deus do céu, há uma enxurrada de corrupção
em todo o País, inclusive atingindo o Partido aqui no Rio Grande do Sul, porque
veio dinheiro do “mensalão” para os dirigentes petistas. Sabem o que os
dirigentes petistas pagaram por terem recebido 1,2 milhão de reais do
“mensalão”? Cinco cestas básicas! Cinco cestas básicas! Foi a punição que
receberam por terem se corrompido, recebendo 1,2 milhão de reais do “mensalão”.
Eu não vi a Verª Maria Celeste vir aqui indignada porque estava comprovada a
corrupção dentro do seu Partido.
Então, quando alguém vier aqui
falar contra a corrupção, primeiro, por favor, fale da corrupção dentro do seu
Partido, porque aí eu vou acreditar. Senão, vai me parecer sempre que é um jogo
de cena. É alguém que quer fazer com que a população creia em alguma coisa que
não é verdade, que a população creia que ainda o PT é o grande defensor da
moral na nossa sociedade. E nós sabemos, pelo caso do “mensalão”, pelo caso do
Sr. Diógenes e por todos os outros fatos, que, na verdade, isso não é real. Se
queremos apurar tudo? Com certeza! Se houver alguma culpa de alguém de dentro
do Governo, queremos que haja punição; ao contrário, Ver. Todeschini, do que acontece
dentro do PT, pois o PT sempre procura defender os seus corruptos. Nós, se
houver algum corrupto dentro do PSDB, queremos que seja punido, com toda a
certeza, por isso desejamos que o processo chegue até o final, mas, se as
acusações forem falsas, os acusadores também terão que pagar por suas
inconsequências.
(Não revisado
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Paulinho Ruben Berta está com a palavra para uma Comunicação de
Líder.
O SR. PAULINHO RUBEN BERTA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu acho que
realmente é muito importante o esclarecimento dos fatos, das supostas provas,
de tudo o que está rolando sobre a corrupção em nosso Estado e em nosso País.
Mas fico muito preocupado, tenho uma visão um pouco diferenciada, porque venho
da periferia, onde as necessidades são muito grandes. Gostaria de alertar a
todos no sentido de que é importante que se bote luz sobre o que se comenta,
mas também que se busquem outros caminhos.
Há pouco tempo tivemos, nesta tribuna, Vereadores e
Vereadoras que citaram aquela reportagem que saiu no jornal Zero Hora sobre as
mortes que aconteceram no Rubem Berta. Pois muito bem, há uma semana, mais duas
pessoas foram assassinadas no Conjunto Residencial Rubem Berta. Eu vejo o
Governo Federal apostando e botando recursos nas favelas do Rio de Janeiro, as
mais violentas, construindo lá. E a pergunta hoje é: e no Conjunto Residencial
Rubem Berta, na região Rubem Berta, na Restinga e em outras partes da Cidade,
quais os investimentos que são feitos pelo Governo Federal, pelo Governo
Estadual e pelo Governo Municipal, na busca, principalmente, de resolver a
situação? Estão querendo e exigindo que sejam solucionadas as dificuldades
somente através de Polícia! Não vão resolver, só vão resolver essas questões
quando juntarem policiamento ostensivo, qualificação, cursos e oportunidades.
No
Conjunto Residencial Rubem Berta são 4.994 apartamentos - gostaria que as
pessoas começassem a dar números. Quantos adolescentes há naquele conjunto
habitacional, um dos mais violentos de Porto Alegre? E não sou eu que digo
isso, é a mídia! Quais investimentos existem naquela região, naquele conjunto?
Quem aposta nisso? Quem ajuda lá? Agora, será que é fácil para o pai, para a mãe, para o
chefe de família sair de manhã cedo para ir ao trabalho, para trazer recurso
para dentro de casa e dizer a um filho de 13,14, 15, 16 anos: “Fica dentro de
casa e não sai!”. Será que um menino ou uma menina de 14 anos vão ficar presos
dentro de quatro paredes? Eu acho muito bacana realmente discutir a corrupção,
mas podiam olhar também a nossa Cidade e as nossas vilas. Sinceramente,
desculpem-me, mas não estou vendo praticamente andar as questões das vilas. O
Rubem Berta faz quatro anos que não ganha um grama de asfalto, não ganha nada!
A comunidade do Conjunto Residencial Rubem Berta tem feito a sua parte, está
revitalizando um conjunto todo lá, está pintando, na contrapartida.
E quero dizer, meu amigo Ver. Todeschini, que o seu
Partido também muito pouco fez lá. Desculpe-me, fez muito pouco lá. Fez muito
pouco lá! Sou um líder comunitário e hoje estou Vereador, na busca de recursos
para aquela região, que é considerada a mais pobre e a mais violenta de Porto
Alegre. Eu posso citar mais de vinte vilas que há muito tempo não recebem investimentos,
nem da Administração passada, nem desta. O senhor me desculpe, mas nós
precisamos fazer com que o dinheiro, o recurso, o investimento... Onde não se
gera emprego se gera violência. Onde não se gera emprego se gera desagregação
da família, porque uma família sem estrutura não funciona. Mas precisa ter a
mão do Estado, a mão do Município e a mão do Governo Federal; no seu território
está despejando dinheiro, mas, onde não é, não está caindo nenhum centavo.
Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Valter
Nagelstein está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo Governo.
O SR. VALTER NAGELSTEIN: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, no próximo domingo vamos estar
celebrando, comemorando o Dia Internacional da Mulher, Verª Fernanda, Verª
Maria Celeste e Verª Juliana. Então, quero me solidarizar com esse dia e dizer
que a tradição judaica consagra uma passagem muito importante, o Talmude diz o
seguinte (Lê.): “Cuida-te quando fazes chorar uma mulher, pois Deus conta as
suas lágrimas. A mulher não foi feita da cabeça do homem para ser superior, não
foi feita dos pés para ser inferior; foi feita da costela, ao lado, para ser
igual; embaixo do braço, para ser protegida; perto do coração, para ser amada”.
O meu carinho, o meu apreço e o meu respeito pela
mulher é tão grande, que Deus, por uma dádiva, me deu duas mulheres, as minhas
duas filhas. Quero, com esta manifestação, externar o meu carinho e o meu
respeito a todas as mulheres e dizer o quão é bom nós vermos mulheres fazendo
política, dá um toque de muito mais ternura.
Ao Ver. Thiago Duarte, eu quero agradecer a
manifestação que fez ontem em relação à questão das contratações dos médicos
pelo Governo Municipal, que são em número muito maior do que as contratações,
Ver. Airto Ferronato, feitas em Governos anteriores. Nesse último mandato,
foram mais de 132 profissionais contratados na área da Saúde.
Eu estava ontem em Brasília acompanhando o Prefeito
Fogaça nas reuniões da Casa Civil e também no Ministério das Cidades, não
estava aqui presente, bem como o Ver. Mario Manfro. E quero dizer aos
Vereadores da base do Governo que todos eles, assim como o Ver. Thiago Duarte,
têm legitimidade e, mais do que isso, têm obrigação - perdoem-me esta expressão,
mas ela é verdadeira, porque é uma obrigação moral -, quando nós, Ver. Toni
Proença, do Governo formos atacados, de subir à tribuna e fazer a defesa do
nosso Governo. Essa é uma obrigação moral que todos nós temos.
Olha,
eu quero dizer algumas coisas, Ver. Carlos Todeschini, Vereadores da Bancada do
PT, Verª Maria Celeste, muito rapidamente. A primeira é a seguinte: nós não
podemos, sob pena dessa faxina, que é tão necessária que seja feita na política
brasileira, é urgente, Ver. Carlos Todeschini, passar por cima das regras mais
comezinhas da civilização ou mesmo das regras mais basilares do Direito. Eu
digo isso em relação a essas denúncias do PSOL, denúncias que precisam vir,
necessariamente e obrigatoriamente, acompanhadas de provas. No Direito
ocidental, no Direito Penal, o ônus da prova cabe a quem acusa. E quero dizer à
Verª Fernanda Melchionna e ao Ver. Pedro Ruas, se essas provas vierem a
público, eu tenho certeza de que, da minha parte - e agora falo em nome
particular -, serei o primeiro a cerrar fileiras junto ao PSOL e a outros
Partidos para exigir, no dia seguinte, a abertura de um processo de
impedimento. Mas é preciso que quem acusou mostre as provas, porque, senão,
tudo é lícito, tudo é possível, tudo é dado, e não pode ser assim! Aí nós
estamos na terra do faroeste, na terra do salve-se quem puder e do denuncismo
irresponsável e inconsequente! Nós queremos ver, sim, todas as denúncias
apuradas! Mas queremos ver aqueles que acusaram, de forma responsável,
apresentar provas! Essa é a obrigação, consagrada no Direito brasileiro, de
quem acusa: ao acusador cabe o ônus da prova! O ônus da prova não cabe a quem
se defende! A única possibilidade que nós temos de inversão do ônus da prova,
no Direito brasileiro, é no Código de Defesa do Consumidor, pela
hipossuficiência do consumidor. E assim o legislador quis, nas outras formas
não. Então, por favor, a quem acusa cabem as provas! E volto a dizer, Verª
Maria Celeste: nós seremos os primeiros a cerrar fileiras, estaremos ao lado
que quem acusa, desde que as provas apareçam.
Com
relação à corrupção, quero dizer que é um tema asqueroso, um tema nojento, um
tema que seria bom que não estivesse na pauta da nossa política. E quero dizer
àqueles que se julgam e se acham mais éticos que os outros: não se iludam, é
ledo engano. Essa imagem de corrupção atinge todos nós políticos, os mais
corretos e os mais corruptos, hoje atinge todos. E é importante que a gente
vire essa página, acho importantíssimo o que o Senador Jarbas Vasconcelos fez,
coloco-me a seu lado no PMDB.
E,
Ver. Haroldo de Souza, que é um homem ético, digno, probo, correto: os nossos
Vereadores Dr. Raul, João Pancinha, nosso Presidente Sebastião Melo, a nossa
Bancada do PMDB estão do lado ético do PMDB, tenho certeza! E quem alimenta no PMDB,
quem alimentou, quem manteve essa seringa que vicia os fisiológicos do PMDB,
ligada nos últimos anos, foi, lá no primeiro momento, o José Dirceu, quando
instituiu no Brasil essa figura espúria do "mensalão", que,
infelizmente, continua vigorando até hoje, quando se vendem e quando se compram
votos no Congresso Nacional e em todas as outras Casas Legislativas em que haja
o exercício do poder. Isso é importante que extirpemos. E é importante aquilo
que foi dito e que a população infelizmente não sabe: corrupção há em todas as
instituições humanas, não é privilégio de um Partido ou de outro. Por isso é
importante a Educação, Verª Juliana Brizola, Ver. Thiago; por isso também é
importante, desde pequenos, nas nossas crianças, colocarmos e imprimirmos valores.
Esse é o único antídoto, essa é a única vacina contra a corrupção. Muito
obrigado, Sr. Presidente e Srs. Vereadores.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Passamos
às
O
Ver. Carlos Todeschini está com a palavra em Comunicações.
O
SR. CARLOS TODESCHINI: Sr.
Presidente, Ver. Adeli Sell; Srs. Vereadores,
Sras Vereadoras, aqueles que nos assistem
pela TVCâmara, os que nos ouvem pela Rádio Câmara, público presente, recebam a
minha saudação. Também saúdo o Ver. Lucio Barcelos, que faz hoje a sua
manifestação na sua primeira Sessão, seja muito bem-vindo.
Quero
dizer ao Líder do Governo que tenha um pouco mais de cuidado na sua
manifestação, porque ele fez aqui uma tentativa ou uma insinuação de que
poderíamos estar vinculados à corrupção, ele fez menção a castelos e a mansões
meus ou de alguém da Bancada. Não aceito isso e acredito na eficiência, na
militância e na seriedade do PSOL, que está levando adiante essa luta
importante para a democracia e para a ética na política no Rio Grande do Sul. E
muito menos dou autoridade a alguém que está num Partido... Leio a declaração
de Jarbas Vasconcelos, Senador do PMDB, à revista Veja, do dia 18 de fevereiro
de 2009 (Lê.): “[...] boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção [...] a maioria
de seus quadros se move por manipulação de licitações e contratações
dirigidas”. Isso é importante, é significativo do ponto de vista da política. A
maioria do PMDB, segundo Jarbas Vasconcelos, se move por licitações dirigidas e
manipulações de licitações. Vejam só, não sou eu que estou dizendo, é uma
revista insuspeita, como é a Veja, que por muitos é citada permanentemente como
fonte.
Então,
se a maioria de um Partido está comprometida com corrupção, com licitações
dirigidas, esse Partido faliu. E quero dizer mais, Líder do Governo: o
“mensalão”, se existe, ele existe e vem de muito longe, e não tem nenhuma
pessoa do Partido dos Trabalhadores envolvida ou comprometida com o “mensalão”.
Tem, sim, do PMDB e de outros Partidos! E isso está muito claro, faz parte da
história, porque essas questões que são importantes para a democracia, para o
País e que precisam ser passadas a limpo não podem ocultar esse problema das
pessoas, dos políticos, das lideranças, das maiorias partidárias e das maiorias
internas partidárias que se movem só por esses interesses.
Por
isso quero retomar aqui um assunto, porque a manipulação da mídia, a
manipulação do debate político, as mentiras levam a situações como as que ontem
estavam sendo discutidas aqui, que são os resultados da Saúde. Ver. Lucio, V.
Exª foi integrante do Governo Olívio como Secretário Municipal de Saúde e muito
bem lembra quando tínhamos uma política de implantação dos centros regionais de
Saúde, para que as populações fossem atendidas na suas cidades-pólo regionais.
Pois bem, apareceu de forma oportunista e mentirosa um candidato a Governador
que prometeu um posto de saúde a cada quilômetro no Rio Grande do Sul,
induzindo os gaúchos ao erro. Tudo isso foi desmontado, foram desmontados os
postos regionais de saúde nas cidades-pólo, e nenhum posto de saúde - sequer a
pedra do primeiro posto - foi implantado no Rio Grande do Sul! Pois bem, o
resultado que temos é a microônibus-terapia, a van-terapia, o ônibus-terapia, a
ambulancioterapia e tudo mais. É por isso que as ruas do entorno do Hospital de
Clínicas, do entorno da Santa Casa, do entorno do Hospital Conceição e de
outros estão repletas, talvez com mais de duzentos veículos desses por dia. E,
Ver. João Dib, não venha com essa cantilena de que é responsabilidade do
Governo Lula. É a incompetência do Estado, a manipulação política feita pelo
Governo do Estado, que é o responsável pela implantação da regionalização da
Saúde.
Também
ontem estive na reunião do Conselho Distrital de Saúde do Partenon. Eram 20h05min
quando chegou a primeira pessoa que necessitava de atendimento psiquiátrico, de
remédios; chegou a primeira pessoa para a fila das consultas de hoje às
20h05min da noite de ontem! E o desmonte da Saúde é tal ali, com todos os
problemas da municipalização do Murialdo, que não passou pelo Conselho
Municipal de Saúde, que não passou pela Câmara, que não teve transparência
nenhuma. Os postos não estão funcionando ainda, o da Pitoresca, o da Aparício
Borges, todos os outros estão sem funcionamento, porque não há médico, não há
segurança, não há enfermeiros, não há profissionais! Esse é um fato lamentável
que precisa ser discutido, e, infelizmente, o Governo pouco ouvido dá àqueles
que clamam pela Saúde. Obrigado e saúde!
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O
Ver. DJ Cassiá está com a palavra em Comunicações.
O
SR. DJ CASSIÁ: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu não ia
usar o tempo de Comunicações, mas me senti na obrigação de vir a esta tribuna.
Sinto muito mesmo a TVCâmara não chegar até as comunidades carentes; sinto
muito a nossa rádio não alcançar as comunidades, sabem por quê? Porque não sei
se sou Senador ou Deputado! Será que estou na Casa errada? Agora, eu estava me
perguntando: “Será que eu não tinha que estar na Assembléia Legislativa ou no
Senado?” Porque a discussão aqui é toda ideológica. Eu quero ver, Paulinho,
discutirem aqui um centro comunitário para Belém Novo, para evitar que aquelas
crianças, aqueles jovens continuem entrando no crack. Eu quero ver discutirem
aqui um centro comunitário para o Rubem Berta; discutirem um centro
comunitário, Ver. João Antonio Dib, para a Vila Bom Jesus; discutirem um centro
comunitário para a Restinga.
O
Sr. João Antonio Dib: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. DJ Cassiá,
geralmente eu falo dos problemas de Porto Alegre; hoje eu falei do Senado,
falei da Câmara e falei do Governo Federal, mas quero dizer a V. Exª que tudo
se vincula. Se nós não temos os centros que V. Exª pleiteia é porque o dinheiro
vai todo para a União, ele não vem para o Município. Nós temos que, de repente,
mostrar que o Município não pode resolver todos os problemas e nem o Estado,
porque o dinheiro mesmo vai todo para a União.
O
SR. DJ CASSIÁ: Muito
bem. Mas, Ver. Dib, aqui nós temos representantes de todos os Partidos que
estão lá no Senado, por que não fazemos uma frente parlamentar e vamos lá pedir
que não fechem escolas? Porque, a cada escola fechada, é uma vaga para o crime
que se abre.
Eu
quero aqui é discutir os problemas de Porto Alegre, eu acho que esta Casa
avançou muito hoje pela manhã, Ver. Dib. Aquele cidadão que esteve aqui hoje, o
Brigadeiro, explanando sobre o Plano Diretor, nos enriqueceu. Mais tarde vai
haver uma discussão que a sociedade precisa estar vinculada. Haverá uma
Audiência Pública mais tarde aqui, é isso, Ver. Haroldo.
Eu
não sou Vereador, eu estou Vereador. Eu estou Vereador. O meu mandato é por
quatro anos e depois vou a julgamento de novo. O senhor pode até contestar,
Ver. Dib, mas o senhor tem que respeitar as minhas opiniões. Eu quase não peço
apartes aqui, Vereador, eu respeito cada um que sobe a esta tribuna. Discutir
leis, é claro que temos que discutir, é evidente, mas às vezes discutimos leis
que se diferenciam por vírgulas.
O
Sr. Haroldo de Souza: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, da mesma forma que o
senhor está se comportando no começo de mandato, eu me comportei aqui logo que
cheguei. E hoje eu falei também do Congresso, da Câmara de Deputados, e isso que
o senhor está falando serve para mim. Daqui a uns tempos o senhor me dará
razão. Mas uma coisa é certa: claro que nós respeitamos os seus pontos de
vista, e que o senhor respeite os nossos. Obrigado.
O
SR. DJ CASSIÁ: Com
certeza.
O
Sr. João Antonio Dib: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu fico
profundamente entristecido quando V. Exª diz que está Vereador. Eu sei que V.
Exª é Vereador. Não faça como o Secretário de Transportes que diz que está de
Secretário - ele devia ser o Secretário dos Transportes!
O
SR. DJ CASSIÁ: Mas eu
continuo dizendo que eu estou Vereador, estou aqui para representar as minhas
comunidades - aquelas que não têm voz, aquelas que não têm espaço! Eu vou
continuar berrando, gritando e pedindo que se criem centros comunitários e que
não se fechem escolas. É por isso que tenho que brigar e discutir aqui dentro.
Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell):
O Ver. Dr. Raul está com a palavra em Comunicações.
O
SR. DR. RAUL: Sr.
Presidente, Ver. Adeli Sell; Vereadores, Vereadoras, público que nos assiste,
venho neste momento de Comunicações dizer da minha satisfação em relação a um
Projeto que estamos trabalhando há mais de ano aqui, que é a UPA - Unidade de
Pronto Atendimento - 24 horas. Trata-se de um projeto nacional que vem sendo,
aos poucos, estendido aos Estados, e nós estamos nos empenhando, de uma maneira
muito forte, para que ele venha para Porto Alegre. Já existe, inclusive, verba
assinada para que isso aconteça. Tanto o Estado quanto o Município estão
integrados nesse processo. Estamos reivindicando que sejam colocadas, no
mínimo, duas UPAs em Porto Alegre neste primeiro momento, que é o que está
sendo trabalhado. O Ver. Paulinho, que me antecedeu, sabe da necessidade que
existe na Zona Norte - Rubem Berta e todas as adjacentes -, inclusive o
Município de Alvorada; vai beneficiar, com certeza, mais de trezentas mil
pessoas da Cidade, vai dar uma qualidade assistencial diferenciada para o
Município de Porto Alegre.
Nós
precisamos que a Emergência do Hospital Conceição trabalhe tranquila, atenda
com uma capacidade não tão aumentada, não tão lotada. Esse projeto faz com que
uma UPA tipo 03 atenda em torno de quinhentas pessoas por dia - esse é um
atendimento bastante diferenciado e intenso para a Cidade. Também estamos
reivindicando que uma outra UPA seja colocada na Região
Humaitá-Navegantes-Ilhas, uma região também muito necessitada, mas que agora
está sendo mais bem dinamizada com o Viaduto Leonel Brizola, que faz com que
aquela região, principalmente Humaitá/Navegantes, não fique praticamente
cercada, sendo um núcleo de população carente, em que há um grande número de
delitos, que fique uma coisa mais ampla. E o Viaduto faz com que aquela região
toda seja melhor aproveitada pela sociedade de Porto Alegre.
Esta
semana, infelizmente, retomamos a questão da “ambulancioterapia”, essa questão
já vem de tantos anos, e nós não temos, a médio prazo, acredito, como
solucionar. Por quê? Porque em Municípios pequenos, hoje, infelizmente, em
função da falta de recurso público, em função de ser pequeno o repasse para a
atenção básica da Saúde... Muitas vezes a Secretaria da Saúde de um Município
pequeno se resume a um Secretário, um telefone para marcar consultas com
especialistas em Porto Alegre e a administração de uma ambulância ou outro
veículo que faz o leva-e-traz dos pacientes. É claro, há muitos anos nós não
tínhamos SUS; então, na Santa Casa, por exemplo, vinham dar pessoas já muitas
vezes em estágio final de neoplasias, sem que nada mais pudesse ser feito. A
Medicina avançou, então, hoje Porto Alegre praticamente atende 50% de consultas
especializadas do Interior - e não há como ser diferente.
É
claro que temos pólos regionais que ajudam nisso, não é à toa que o nosso Estado
é o que tem menos crianças morrendo, ou seja, a taxa de mortalidade infantil é
a menor do Brasil, taxa que nós estamos tentando que venha para menos de dez
por mil. Para vocês terem uma idéia, no Nordeste essa taxa chega, muitas vezes,
a sessenta, setenta, até oitenta por mil. Então, nós temos hoje já um trabalho
grande realizado nesse sentido e sabemos que é só com muita luta, com muita
persistência... E cumprimento o Ver. Lucio Barcelos, que assume hoje, um
parceiro de muitos anos na luta pela Saúde. Achamos que, quanto mais pessoas
tiverem envolvimento com a Saúde Pública - não um envolvimento partidário, mas
um envolvimento do “Partido da saúde”, para que nós realmente possamos fazer com
que o Sistema Único de Saúde funcione na sua integralidade, juntando o Estado,
o Município e a Federação, numa ação comum pública para efetivar as questões
básicas da Saúde de uma maneira mais rápida e mais dinâmica -, mais nós vamos
avançar na área da Saúde Pública. É essa a nossa luta, é nisso que estamos
empenhados há mais de trinta anos e, como Vereador, continuamos empenhados,
como médico comunitário também, e a luta continua para todos. Saúde para todos
é o que desejamos.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Alceu
Brasinha está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ALCEU BRASINHA: Ver. Adeli
Sell, na presidência dos trabalhos; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, agradeço ao meu
Líder, Ver. Nilo Santos, por me conceder este momento para falar na tribuna.
Agradeço também à minha Bancada, que é uma Bancada perfeita, trabalhamos
juntos, em sintonia na comunicação, e isso é muito bom, Vereadores DJ Cassiá e
Marcello Chiodo.
Mas, Ver. Tarciso, eu não gosto de falar lá de São
Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, se nós temos tantos problemas na cidade de
Porto Alegre para falar, e os amigos Vereadores vêm aqui para falar lá de
Brasília...! Por que falar de Brasília, não existe problema aí nos bairros
Menino Deus, Medianeira, Passo D’Areia, Rubem Berta e IAPI? Há tantos problemas,
Ver. Nilo Santos, em Porto Alegre, que, se ficarmos falando uma ou duas horas
aqui, Ver. Adeli, não conseguiremos falar sobre tudo.
Nós temos as pequenas empresas, que estão passando
muito trabalho; temos postos de gasolina, que então passando trabalho para
caramba, sendo que há o outro lado, os grandões, como um Carrefour,
massacrando, ganhando diferença de imposto. Disso, sim, nós temos que falar
aqui nesta tribuna. Nós temos o problema da Av. Baltazar de Oliveira, que foi
resolvido, muita gente critica a Av. Baltazar de Oliveira, mas está muito
melhor do que estava antes, e, diga-se de passagem, o outro Governo esteve por
16 anos, 5.844 dias governando. Eles também têm participação na Av. Baltazar,
foram eles que começaram todo esse imbróglio lá, Ver. Dib, que foi Prefeito de
Porto Alegre. Agora, eles vêm aqui e gostam de falar do passado. Por que eles
não olham para eles mesmos, para aqueles 5.844 dias em que estiveram no
Governo? Por que não olham? É brabo!
Mas,
também, Vereador, hoje para mim é um motivo de alegria, hoje iremos ter uma
Audiência Pública aqui neste plenário, aí vou ver qual Vereador quer o
crescimento de Porto Alegre e os que querem que Porto Alegre regrida. Chegou a
hora de nós, mais uma vez, fazermos o debate, Verª Fernanda, sabe por quê?
Porque esse Projeto esteve dois anos e meio tramitando no Executivo, esteve
oito meses aqui nesta Casa, aí vai para o Executivo e volta novamente. Mas eu
acho que agora é hora de vermos quem quer, Ver. Pancinha, colocar Porto Alegre
para frente, fazer Porto Alegre avançar em todos os sentidos. Nós, aqui,
perdemos no turismo para qualquer cidade do Interior do Estado: Canela,
Gramado, Caxias do Sul, Bento Gonçalves, todas essas cidades possuem mais
turismo, Vereador, que Porto Alegre, e nós temos essa fantástica orla do Guaíba
para nós, quem sabe, arrancarmos em primeiro lugar em turismo. E, quando vem
para nós, Vereadores, um empreendimento como este, temos que aplaudir! Nós
temos que aplaudir, porque, realmente, é um empreendimento que irá alavancar muito
emprego, muito imposto, muito dinheiro para os governantes.
Eu
não entendo, Verª Fernanda, por que são contra o crescimento de Porto Alegre.
São só 500 metros da orla, Vereador, do Pontal do Estaleiro, e nós temos 72
quilômetros de orla! E o Partido dos Trabalhadores teve todo o tempo para
negociar, para comprar, quem sabe, fazer uma troca, uma permuta, não fizeram e
agora estão valorizando isso como se fosse o ouro achado em Porto Alegre.
Obrigado, senhores.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O
Ver. Dr. Thiago Duarte está com a palavra em Comunicações.
O
SR. DR. THIAGO DUARTE: Caro
Presidente dos trabalhos, Adeli Sell; caros colegas, hoje me dirijo
prioritariamente à Verª Fernanda Melchionna, à Verª Maria Celeste, à Verª Sofia
Cavedon e à Verª Juliana Brizola. O ginecologista é o profissional da saúde
comprometido com a saúde da mulher. Obstetrícia, etimologicamente, vem do termo
obstetrice, significa “estar ao lado de”. O dia 08 de março é, desde
1975, comemorado pela Organização das Nações Unidas como o Dia Internacional da
Mulher. Nesse dia, no ano longínquo de 1857, as operárias têxteis de uma
fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, reivindicando a
redução da jornada de trabalho, que era de mais de 16 horas, para dez horas.
Essas operárias recebiam menos de um terço dos salários dos homens. Foram
fechadas na fábrica, e cento e trinta mulheres morreram queimadas. Em 1903,
profissionais liberais norte-americanos criaram o Woman Trade Union League.
Essa associação tinha como principal objetivo ajudar as mulheres trabalhadoras
a exigirem melhores condições de trabalho. Em 1908, 14 mil mulheres marcharam
nas rua de Nova Iorque, reivindicando esses direitos e o direito ao voto. Elas
caminhavam com o slogan “pão e rosas”, em que o pão simbolizava
estabilidade econômica, e as rosas, que sempre simbolizaram coisas positivas,
simbolizavam qualidade de vida. Em 1910, na Dinamarca, foi decidido
homenagear-se a mulher no dia 08 de março como Dia Internacional da Mulher.
As
mulheres aumentam a participação no mercado de trabalho, mas ainda hoje são
muito discriminadas. As conclusões mostram que, no Brasil, ainda há muito que
se caminhar. Já se caminhou bastante em relação à igualdade dos direitos entre
homens e mulheres, principalmente no mercado de trabalho. Embora a participação
da mulher tenha aumentado de 2000 a 2009, a taxa de desemprego na parcela
feminina da população ainda é maior do que na dos homens. A mesma diferença é
constatada quando são comparados os rendimentos entre ambos os sexos, algo que
chega, em alguns locais, a 31%. Tivemos a grata surpresa esta semana ao ver que
Porto Alegre é a Capital do País com a menor diferença salarial entre homens e
mulheres. Ao mesmo tempo em que sonham em igualar a renda aos homens, elas
travam uma batalha dentro do próprio grupo: a discriminação de gênero, através
do preconceito étnico, faz com que as mulheres negras recebam metade dos
salários das não-negras.
Outra
pesquisa aponta que 25% dos domicílios brasileiros são chefiados pelas
mulheres, e, quando se diz que essas mulheres chefiam domicílios, é fundamental
que possamos dar condições para que elas executem essa fadada terceira jornada
de trabalho. É fundamental que elas possam, com liberdade, sem escravidão,
escolher, por exemplo, Ver. Dr. Raul, quantos filhos querem ter, não depender
exclusivamente de medidas assistencialistas. A gravidez pode ser a melhor coisa
do mundo, se vier no momento correto; se vier em um momento incorreto, pode ser
a coisa mais complicada do mundo.
E
como diria Jayme Caetano Braun: “Mãe gaúcha incomparável/ Rainha do céu azul/
Mãe do Rio Grande do Sul/ Mãe do centauro charrua/ Nem estrelas, nem a lua/
Jamais te igualam no brilho/ Quando a sentença - meu filho/ Entre teus lábios
flutua/ [...] Sacrificada aos deveres/ Sinto o maior dos prazeres/ Ao
beijar-te, anjo bendito/ Pois em ti eu beijo contrito/ o mais sagrado dos
seres!”. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O
Ver. Elias Vidal está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Desiste. O Ver.
Nilo Santos está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver.
Marcello Chiodo.
O
SR. NILO SANTOS: Exmo
Sr. Presidente, Ver. Adeli Sell; Srs. Vereadores,
Sras Vereadoras, senhores e senhoras que nos acompanham
nesta tarde de quinta-feira, nesta Capital que vem, ano após ano, Ver. Aldacir
Oliboni, lutando para oferecer mais dignidade para a sua população. Sendo dessa
forma, também quero nesta tarde dar minha parcela de contribuição para que
Porto Alegre possa continuar oferecendo o melhor para o seu povo.
Por
isso, mais uma vez, venho a esta tribuna trazer notícias sobre o fato que
relatei aqui na segunda-feira, sobre o que ocorreu no viaduto da Av. Ipiranga,
quando aquele homem foi espancado. Moradores de rua espancando morador de rua.
E eu comentava aqui, no meu discurso, que a maioria das pessoas que vivem hoje
nas ruas não necessita do atendimento, do auxílio do Governo, a maioria não
necessita, uma minoria necessita. E eu falei aqui ainda que, na realidade, nós
precisávamos do auxílio da Brigada Militar, e muitos técnicos, muitas pessoas
que trabalham atendendo moradores de rua, muitas entidades defendem a idéia de
que a Brigada Militar não deva se envolver nesse tipo de situação, porque isso
é um problema social, que a Brigada Militar não tem que agir nesses movimentos
realizados pela Prefeitura.
Eu
quero dizer aos senhores e às senhoras que a FASC já teve técnicas ameaçadas de
serem estupradas, ameaçadas de serem violentadas por falsos moradores de rua. E
isso comprova, senhoras e senhores, que a Brigada Militar precisa agir,
conforme está registrado hoje na página 35 da Zero Hora. (Mostra o jornal.) A
página 35, de Zero Hora, traz o relato do policial que deu atendimento, que
prestou socorro àquele homem, que hoje está em estado grave, está
hospitalizado. Para que os senhores entendam bem o que eu quero dizer, o homem
que foi espancado, Ver. João Dib, já passou por cinco presídios. A briga foi
por um acerto de contas quanto à distribuição do dinheiro de furto, que eles
repartem depois. O dinheiro dos furtos! Isso é caso para a Assistência Social?
Também! Mas é também caso para a Brigada Militar se envolver, ou vamos largar
as técnicas e os técnicos, os assistentes sociais, psicólogos, vamos largar para
oferecer atendimento para as pessoas sobre o viaduto sem dar uma proteção a
eles? Se eles espancam os próprios parceiros de crimes, não vão espancar um
técnico? Senhoras e senhores, quero reforçar o meu pedido de formação de
Comissão Especial. Esta Casa não pode ficar fora desse processo!
Ver.
Adeli Sell, o senhor é um homem que se preocupa muito com os problemas sociais
da Cidade, esta Casa não pode ficar assistindo, esta Casa tem de ter uma
comissão especial composta por Vereadores de todas as Bancadas, porque isto
aqui não tem cor neste momento, não tem cor de bandeira, Ver. Oliboni; esta
Casa tem de parar, esta Casa tem de sentar, sim, e ajudar a resolver esse
problema, juntamente com a Prefeitura, com o Ministério Público, com os
Conselhos Tutelares! Esse, senhoras e senhores, é o movimento que tem de ser
realizado de uma forma muito urgente, e tem de ser um movimento em que todos
possamos trabalhar juntos; não é um movimento isolado da Prefeitura que vai
resolver essa situação em Porto Alegre. As pessoas estão sendo achacadas nas
sinaleiras, as pessoas estão sendo constrangidas nas sinaleiras, as pessoas
estão sendo assaltadas por falsos moradores de rua. E isto precisa ser bem
definido: quem necessita do auxílio do Governo, Ver. Paulinho, e quem necessita
de um atendimento da Brigada Militar para recolher das ruas e retirar de lá.
Obrigado, senhoras e senhores.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): A
Verª Fernanda Melchionna está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A
SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, público que
nos assiste na galeria, população de Porto Alegre: querem calar o PSOL. Essa é
a conclusão a que nós podemos chegar a partir dos fatos que ocorreram esta
semana e dos absurdos que ouvimos hoje nesta tribuna. Há doze dias o nosso
Partido concedeu uma coletiva para a imprensa, na qual trouxe a público as
denúncias sobre o Governo do Estado, fruto de uma investigação sistemática de
um ano e dez meses do nosso Partido, quando acompanhamos o caso da compra da
mansão da Governadora, quando acompanhamos os escândalos de corrupção do
Detran, quando ouvimos diversas fontes envolvidas nesse processo. E o nosso
Partido exerceu o seu direito democrático de trazer a público todas as denúncias
que sabia; mais do que um direito, eu diria que é um dever, um dever político
de parlamentares que têm a obrigação de fiscalizar o exercício dos Governos dos
Executivos. Ainda mais depois da morte muito suspeita, os Srs. Vereadores hão
de convir comigo, de Marcelo Cavalcanti, ex-assessor do Governo do Estado, seis
meses antes desse processo que corre na Polícia Federal.
Nós
trouxemos a nossa convicção de que existe uma quadrilha instalada no Palácio
Piratini que está sempre saqueando os cofres públicos para se locupletar e
locupletar os empresários relacionados com o Governo do Estado. Nós exercemos o
nosso direito, e é verdade que o Governo do Estado tem o direito de entrar na
Justiça contra o PSOL, mas não o fez; reuniu-se durante quatro horas a Governadora
Yeda Crusius e trouxe a público uma nota lacônica sobre a possibilidade de o
Ministério Público nos desmentir. O Ministério Público também não o fez; os
empresários citados nas nossas denúncias também não o fizeram, não execeram seu
direito, o que nos permitiria pedir à Justiça os documentos para provar tudo
que trouxemos a público, tudo que denunciamos.
Casualmente,
o PSDB, Partido da Governadora, entrou na Comissão de Ética da Câmara Federal
contra o nosso Partido, contra as nossas denúncias. Em primeiro lugar, é
importante dizer que esse Partido nunca entrou na Justiça contra nenhum dos
representantes dos casos de corrupção que envolveram Deputados Federais na
Câmara Federal, seja Edmar Moreira, seja os “mensaleiros”, sejam as dezenas de
escândalos que já vimos na Câmara Federal brasileira; tampouco entraram no
Senado contra o corrupto Renan Calheiros, que ainda hoje é Senador da nossa
República, mas vem aqui dizer que o PSOL erra por trazer denúncias de corrupção
à tona. Estamos exercendo o nosso dever e o nosso direito, e querem cercear,
querem punir a Deputada Federal Luciana Genro por ter sido incansável defensora
dos trabalhadores, por ter sido incansável lutadora contra a corrupção,
denunciando todos os casos de corrupção que aconteceram no nosso País,
independentemente de Partido, independentemente de coligação política.
Esse
mesmo Partido vai e coloca, no seu processo, que a Luciana, Deputada Federal,
está errada, mesmo que as denúncias sejam comprovadas. Enganam-se os Deputados
Federais do PSDB, enganam-se esses senhores se acham que o PSOL participa do
jogo, do valo sujo do poder, do toma-lá-dá-cá, da troca de favores que existe na
Câmara Federal e no Senado. Nós não compactuamos com esse jogo sujo da política
e, todas as vezes que forem necessárias, iremos trazer a público todas as
provas de corrupção, tudo que soubermos sobre os sucessivos escândalos que
tomam conta do nosso País, do nosso Estado e da nossa Cidade. É importante
dizer isso, porque não nos calarão. Aqueles mesmos Vereadores que vêm a esta
tribuna querendo calar os movimentos sociais que lutam contra o aumento da
passagem, querendo calar os movimentos sociais que lutam pelo direito à terra,
querendo calar as professoras, como a Neiva, que nos ouve hoje nas galerias,
lutadora do CPERS, quando luta por melhores salários, vêm aqui querer cercear o
direito democrático do PSOL e defender, intransigentemente, a punição de
todos os corruptos.
Portanto, que fique registrada a nossa posição
partidária e a certeza de que aqueles que derrotaram Collor, que varreram a
corrupção do Governo Federal lá em 1992, certamente vão voltar a ocupar as
ruas, o movimento estudantil, para dizer que chega de corrupção: fora, Yeda!
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Aproveito
para apregoar a representação do Ver. Engenheiro Comassetto na inauguração do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia no dia 05 de março.
O Sr. Waldir Canal está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. WALDIR CANAL: Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, venho a esta tribuna também para registrar a nossa
manifestação, em nome do Partido Republicano Brasileiro, com respeito à Semana
da Mulher, mais precisamente neste domingo, quando será comemorado o Dia da
Mulher. Este mês se dedica não apenas a comemorar, mas a refletir sobre a
situação da mulher. Eu gostaria de enfocar, nesta minha fala, a situação da
violência contra a mulher. Estamos vivendo uma semana importante, quando se
exalta a existência das mulheres, o seu brilho, a sua disposição, o seu amor, o
seu empenho como mãe, como chefes de família. Há muitas mulheres que acabam
tomando a posição de chefe de família,
substituindo, muitas vezes, o pai, sendo mãe e pai ao mesmo tempo, provendo a
sua família, trazendo o alimento, fazendo aquilo que deveria ser atividade do
homem, no sentido de prover a família, educar os filhos, enfim.
Eu
trago alguns dados para conhecimento de todos, não apenas para conhecermos, mas
para trazer à baila esse assunto e dizer que nem tudo são flores; isso não é
novidade, a violência contra as mulheres tem crescido de maneira espantosa,
seja por causa dos vícios, das drogas, do álcool, seja por causa dos problemas
psicológicos, seja por causa dos problemas financeiros, seja por diversos tipos
de problema, mas o fato é que esse tipo de problema tem causado a
desestruturação das famílias. Qualquer pessoa, homem ou mulher, que sofra
violência, que seja violentada... E a violência pode ser sexual, pode ser
moral, patrimonial; pode ser uma violência que, muitas vezes, passa
despercebida aos olhos das pessoas; quem vê, muitas vezes, não consegue
imaginar o que está se vivendo dentro de casa, dentro dos lares, e nós temos
acompanhado: de cada cinco mulheres, uma, provavelmente, será vítima ou sofrerá
tentativa de estupro até o fim da sua vida; os estudos têm mostrado isso. Uma
em cada três mulheres do planeta - um bilhão de mulheres - já foi espancada,
forçada a ter relação sexual ou submetida a algum tipo de abuso, e esse abuso
não diz respeito apenas aos abusos sexuais. Os crimes sexuais estão campeando
pelos noticiários, pelas varas criminais, pelo Judiciário - os que chegam ao
conhecimento, os denunciados -, porque muitas acabam sendo violentadas,
oprimidas e acabam se recolhendo, tendo sérios problemas psicológicos, sérios
problemas interiores. Acabam dependentes de remédios, de antidepressivos,
escondendo-se da vida por causa da violência. A tentativa de suicídio é duas a
três vezes mais frequentes nas mulheres agredidas. É causado pela violência
contra as mulheres dentro de suas casas. A violência doméstica faz com que a
mulher perca um ano de vida saudável a cada cinco anos. As mulheres estão
envelhecendo mais por causa da violência. A cada quinze segundos uma mulher é
espancada pelo marido, pelo companheiro.
Eu
não gostaria apenas de citar esses fatos lamentáveis, mas dizer que qualquer
que seja a pessoa, homem ou mulher, tem que buscar os seus direitos. A
Delegacia da Mulher está aí para isso. A Delegacia da Mulher e as autoridades
precisam tomar conhecimento e tomar providências. Então, faço um apelo desta
tribuna: que as autoridades - Prefeitos, Governadores, o nosso Presidente Lula,
seus Ministérios - promovam políticas que venham realmente atender às
necessidades das mulheres. A violência contra a mulher, Sr. Presidente, é um
caso de Saúde Pública, pode ter certeza. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O
Ver. Mauro Zacher está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. MAURO ZACHER: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, público
que nos acompanha nas galerias, público que nos assiste pela TV Câmara, trago a
esta tribuna em tempo de Liderança um fato lastimável que aconteceu na política
nacional do nosso País: a decisão do TSE em cassar o Governador Jackson Lago. E
é dessa maneira que a nossa Bancada, a Bancada do PDT, gostaria de se
solidarizar com esse grande político, com esse grande lutador, de bandeiras
importantes em lutas pelos trabalhadores, pelos excluídos do nosso País. Um
político coerente e de uma trajetória respeitada e reconhecida pelo nosso País.
E a nossa Bancada gostaria de mandar esse gesto de solidariedade a esse
político que enfrentou um clã político que há muitos anos está no poder no
Maranhão. E é inaceitável que esse Governador, que é do nosso Partido, tenha
sido cassado justamente pela prática dos seus opositores, justamente pela
prática daqueles que governaram o Maranhão por muitos e muitos anos e fizeram
do Maranhão um dos Estados mais pobres desta Nação. E é dessa maneira que gostaríamos,
mais uma vez, de nos solidarizar com o nosso companheiro de Partido Jackson
Lago.
Eu queria, de maneira bastante breve, discorrer o
que dois Ministros, que votaram contra a cassação de Jackson Lago, falaram. O
Ministro Marcelo Ribeiro falou que não houve participação direta do Governador
Jackson Lago, que as testemunhas eram contraditórias e que, inclusive, uma
delas tinha desmentido o seu próprio depoimento. O Ministro Versiani também diz
que não houve, em nenhum momento, desproporção, desequilíbrio na disputa do
Governo do Maranhão e que, inclusive, muitas das acusações faziam parte antes
do processo eleitoral, não durante o processo eleitoral, o que não caracteriza,
em nenhum momento, abuso do poder econômico e financeiro nas eleições. É lastimável
a perda, neste momento, do nosso Governador Jackson Lago, e a Bancada do PDT se
solidariza com esse grande brasileiro, lutador, Governador, defensor de causas
tão nobres como foi, como é ainda o nosso Vice-Presidente Nacional do Partido,
o Governador Jackson Lago.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, parece-me que esta Casa, nesta tarde,
já começa a viver com alguma antecedência a grande Audiência Pública que será
efetivada logo mais às 19h30min. Sabiamente, a Direção da Casa abre suas portas
à comunidade para que ela tome conhecimento do Projeto de Lei aqui tramitando
que restabelece a discussão em torno do aproveitamento da área do Estaleiro Só,
objeto das mais amplas discussões no final do período legislativo, que se
encerrou em 31 de dezembro. É evidente que estaremos presentes, como de resto
acreditamos que toda a composição da Casa estará aqui presente, especialmente
ouvindo as manifestações da comunidade que aqui surgirão. Evidentemente, Ver.
Brasinha, em que pese algumas circunstâncias especiais, nada nos autoriza a
outra posição senão a de ouvirmos eventuais posições da comunidade, que não
necessariamente são aquelas aqui de posse da tribuna.
Essa decisão pela Audiência Pública, pela ouvida da
comunidade, tem esse condão. Acredito que ninguém pode, em episódio como este,
se sentir tão seguro na sua posição que não possa, eventualmente, ser atingido
por alguma ponderação que determine alteração da postura anteriormente
anunciada. Até porque, segundo a posição de alguns pensadores, só não muda de
opinião quem não a tem, porque quem tem opinião pode mudar, faz parte do
contexto em que se dão os grandes debates em torno de assuntos que dizem
respeito muito fortemente à comunidade.
Então acredito que a Casa, hoje, viverá um grande
momento. O Ver. Airto Ferronato, certamente, será um dos primeiros a chegar
aqui, porque tem demonstrado, tanto ele como eu que... Não estávamos aqui
quando ocorreu a primeira decisão e não definitiva... Nós, que não estávamos
aqui naquela ocasião, temos o direito - mais do que o direito -, temos o dever
e o compromisso de ouvir da comunidade quais as razões pelas quais aplaude ou
rejeita o que foi decidido anteriormente e que, agora, quer ver mantido, com a
alteração de que a mantença da decisão legislativa seja corroborada por uma
consulta popular que dê amplidão à decisão que pretende o Prefeito Municipal no
seu Projeto de Lei.
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, no derradeiro
momento desta nossa Sessão, eu venho à tribuna para fazer essa afirmação. Até
porque, meu caro Líder do Partido Democrata Trabalhista, eu não me arriscaria a
enfrentar o assunto que V. Exª enfrentou. Na tese, eu me preocupo com o número
de processos que vão ao Tribunal Superior Eleitoral, são objetos de decisão
que, no momento, não correspondem às expectativas do seu Partido como em
determinados momentos corresponderam. Eu acho que as decisões do povo deveriam
ser resguardadas. Mas há algumas outras circunstâncias que aqui ou acolá
precisam ser sopesadas. Hoje é o PDT que está envolvido, o próximo Partido
parece que é o PMDB, que anuncia a votação do processo que envolve o Governador
de Santa Catarina. São oito os processos que envolvem Governadores e que estão
sendo discutidos no Tribunal Superior Eleitoral. É muita coisa. O que era
exceção está virando regra, e isso me preocupa profundamente. Era isso, Sr.
Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Passamos à
PAUTA
- DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05
oradores/05 minutos/com aparte)
2ª
SESSÃO
PROC. Nº 6726/08 – PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 277/08, de autoria do Ver. Beto Moesch, que institui
o Salão Náutico do Mercosul, evento a ser realizado anualmente, no período
compreendido entre a última semana de novembro e a primeira semana de dezembro,
que passa a integrar o Calendário Oficial de Eventos do Município de Porto
Alegre.
PROC. Nº 0687/09 – PROJETO DE RESOLUÇÃO
Nº 002/09, de autoria do Ver. Alceu Brasinha, que
concede o Troféu Câmara Municipal de Porto Alegre ao Senhor Alcibio Mesquita
Bibo Nunes.
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O primeiro
orador inscrito para discutir a Pauta é este Vereador. Solicito ao Ver. Toni
Proença que assuma a presidência dos trabalhos, porque usarei meu tempo de
discussão preliminar de Pauta.
(O Ver. Toni Proença assume a presidência dos
trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença):
Primeiramente, temos que colocar em votação o Requerimento para a inversão da
ordem dos trabalhos. Teremos em primeiro lugar a Pauta e posteriormente a Ordem
do Dia. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.)
APROVADO.
O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir
a Pauta.
O SR. ADELI SELL: Ver. Toni
Proença, eu vou me pronunciar a respeito do Projeto de autoria do Ver. Beto
Moesch que institui o Salão Náutico do Mercosul, da mesma forma como fiz na
data de ontem, quando esse estava em 1ª Sessão de Pauta. É um tema que, toda
vez que aparecer, vou fazer questão de discutir, porque, além de concordar com
a proposição do Vereador, ele nos coloca uma discussão sobre a cultura de Porto
Alegre. Nós temos a triste cultura em Porto Alegre de estar historicamente de
costas para o Guaíba. Esta é uma Cidade que, apesar da sua grande quantidade de
árvores, do verde que nós temos - infelizmente muitas árvores estão estragadas,
doentes, com problemas, precisam receber um tratamento especial da Secretaria
Municipal do Meio Ambiente -, apesar das lindas águas que nos circundam,
infelizmente é uma Cidade gris, cinzenta, em alguns momentos até tristonha.
Por isso estou propondo um grande movimento. Propus
hoje para o Secretário Municipal do Turismo o Projeto Pinta Porto Alegre, para
dar colorido a esta Cidade e fazer com que deixemos de estar de costas para o Guaíba. O Salão Náutico do
Mercosul, que já teve duas edições, passaria a compor o Calendário Oficial do
Município de Porto Alegre. Eu concordo, porque é evidente... Aqui faço um
parêntese, um senão, dizendo que não basta estar no Calendário, é preciso
divulgá-lo, e eu tenho insistido muito, Ver. Dr. Thiago Duarte, na questão da
divulgação das coisas positivas da Cidade. Eu dizia isso inclusive ao
Secretário do Turismo, discutindo os Caminhos Rurais. Vossa Excelência, que tem
atuação profissional na Restinga, sabe que ali no entorno temos verdadeiras
maravilhas a serem usufruídas pelo turismo rural. Estou me socorrendo do apoio
do Líder da Bancada do PTB, Ver. Nilo Santos, para que tenhamos uma agenda com
o Secretário, Ver. Maurício Dziedricki, no sentido de conseguirmos que aquelas
estradas sejam efetivamente transitáveis. Então, podíamos compor nas águas, ao
lado dessas águas maravilhosas, o Salão Náutico do Mercosul e termos uma cultura
de utilização do rio, do lago. Não vou entrar nessa discussão quase histérica
que está havendo hoje em Porto Alegre sobre a questão de se é lago ou se é rio
o nosso Guaíba. O importante é que haja a defesa da sua sustentabilidade, seja
econômica, ambiental e social.
E,
talvez, para o Salão Náutico do Mercosul, possamos vir a ter um projeto como há
na cidade de Barcelona, em que a Federação de Vela da Catalunha, numa parceria
com a Prefeitura Municipal de Barcelona, faz com que haja atividades para os
alunos carentes, e que eles possam fazer os seus cursos de vela, possam
usufruir daquelas águas maravilhosas - as nossas não são menos maravilhosas,
são bonitas, nós temos um delta, ele tem que ser preservado. Muitas pessoas
também não sabem que na Ilha dos Marinheiros nós temos restaurantes, condições
para atracação de barcos. O Salão Náutico do Mercosul, sem dúvida nenhuma, vai
mexer com tudo isso. Eu disse há pouco ao Ver. Dr. Thiago que, se fizermos com
que aquelas estradas do Rincão e outras tenham boa circulação, vamos ter, sem
dúvida nenhuma, uma Porto Alegre mais integrada, o Centro, suas periferias, o
Norte conhecendo o Sul e vice-versa, as pessoas do continente conhecendo as
nossas ilhas. Quando se fala das ilhas a algumas pessoas, parece que é uma coisa
de outro mundo, parece que a gente está indo para um outro Estado. Nós temos
tantas maravilhas aqui, e, muitas vezes, as pessoas se deslocam,
desabaladamente, para Santa Catarina - minha querida terra -, mas nós temos
coisas maravilhosas nesta Capital e neste Estado. Portanto, temos que valorizar
e incentivar projetos e proposições que vão no sentido do Salão Náutico do
Mercosul. Obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Obrigado,
Ver. Adeli Sell. Solicito a V. Exª que retome a presidência dos trabalhos.
(O Ver. Adeli Sell reassume a presidência dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Exmo
Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. Adeli Sell; Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, Ver. Beto Moesch, eu havia ontem prenunciado que
esse Projeto de V. Exª daria ensejo a alentadores debates aqui nesta Casa. Vejo
que não me equivoquei, Ver. Haroldo de Souza, porque hoje retorna à discussão
preliminar o Salão Náutico do Mercosul numa abrangência muito ampla, que
permite, inclusive, essa divagação do Ver. Adeli Sell, que começa falando no
Salão do Mercosul e termina no turismo rural, porque o tema permite essa
divagação.
Aqui
mesmo a gente estava, com frequência, ouvindo falar das maravilhas deste ou
daquele local. Existe em Porto Alegre um grande público das praias
catarinenses, aqueles que sustentam que nós, que vamos ali a Imbé, Capão da
Canoa, vamos ao mar, porque quem vai à praia mesmo vai a Santa Catarina. É uma
certa presunção deles, tendo em vista as características das praias
catarinenses, mas que não invalida, de modo nenhum, a linha de raciocínio que
eu quero desenvolver. Pelo contrário, até conforta essa linha de raciocínio,
porque eu tenho a tranquilidade e de certa forma a autoridade de falar de cima
de 69 anos de idade, de quem, na adolescência, usou a praia de Ipanema, a praia
da Alegria, do outro lado do lago, e vários outros recantos da nossa orla como
local para banho, veraneio, recreação, e ultimamente não vejo ninguém dizer que
tomou banho em Ipanema, muito menos que pegou a barca Santa Cruz aqui,
dirigindo-se ao outro lado do lago, foi à praia da Alegria ou da Florida, onde
se localizava a antiga Riocell, o que invalida a idéia de que alguém possa usar
aquele local como lugar de banho, Ver. Adeli Sell.
Então,
quanto à proposta do Ver. Beto Moesch, eu já adiantei que vou com ela
contribuir e, nos exames e na constituição, acho que ela precisa ter alguma
emenda de redação para que atinja mais plenamente o objetivo anunciado pelo
autor, que confessa ser o grande objetivo colocar o Salão Náutico do Mercosul
no Calendário Oficial de Eventos do Município de Porto Alegre. Vou ajudá-lo,
mas para tanto é preciso dar algum ajuste nessa redação, e, enquanto isso não
ocorre, enquanto nós vamos caminhando nessa linha, temos que necessariamente
reconhecer que o debate que aqui se instalou é provocativo e instiga à analise
vários aspectos que estão sendo descurados pelas sucessivas Administrações da
Cidade, que fixam a sua atividade em determinados aspectos do cotidiano e
parecem desconhecer outros.
E
digo que por muito tempo parece que era crime se falar, aqui em Porto Alegre,
em turismo; alguns sentiam até a convicção de que o turismo era algo desprezível,
que tinha relação a pessoas que estavam jogando dinheiro fora viajando, etc. e
tal. Até que se compreendeu que Porto Alegre tinha uma vocação especial para o
turismo de negócios e que aqui grandes congressos poderiam se realizar, razão
por que foi estimulada a rede hoteleira, e ela precisa ser estimulada mais
ainda. Acho que a hotelaria de Porto Alegre precisa ser estimulada mais ainda,
especialmente agora, quando nós temos a pretensão de ser uma das subsedes da
Copa do Mundo. Agora, mais do que nunca, a hotelaria tem que ser estimulada, e
os nossos hotéis têm que se ajustar a essa nova realidade.
Por
isso, meu caro Ver. Toni Proença, eu digo que este período da discussão
preliminar de Pauta é muito fértil, porque nos permite não divagar, mas ampliar
o nosso enfoque a respeito de determinados assuntos e invadir o que, em
condições normais, seria uma seara impenetrável da nossa discussão.
Nesta
segunda oportunidade, na qual ocupo a tribuna para me referir à proposta do
Ver. Beto Moesch, fico com a tranquilidade de que desse debate haverá de
resultar, no fim, no aperfeiçoamento do projeto e na sua consequente aprovação,
com louvores a quem tem iniciativa de levantar esse debate, além de esse fato
ter aberto a porteira para um debate muito mais amplo, que envolva tudo aquilo
que está colocado nos objetivos do Salão do Mercosul. Eu disse para o Ver. Beto
Moesch que, se o Prefeito cumprir esses objetivos, ele fez a sua administração
e não precisa fazer mais nada. Era isso, Sr. Presidente.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O
Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr.
Presidente, Ver. Adeli Sell; colegas Vereadores, Vereadoras, senhoras e
senhores, colocar um evento ou uma atividade já existente no Calendário Oficial
do Município de Porto Alegre é um ato bastante simples, um Projeto bastante
simples, mas traz uma importância: o Projeto nos possibilita debater os temas
que estão sendo propostos com mais profundidade. Obviamente, o Salão Náutico do
Mercosul não é só o evento que acontece ali, não existe uma política ou uma
indústria náutica se não houver um desenvolvimento, e Porto Alegre não
conseguiu ainda se apropriar do potencial que é o nosso lago Guaíba e o
estuário aqui do Delta do Jacuí, como um grande potencial gerador de cultura,
gerador de turismo e, ao mesmo tempo, um potencial ambiental de Porto Alegre. E
Porto Alegre tem as costas voltadas para o lago. A população não se apropriou,
e as políticas todas não são implantadas: são discutidas, são discutidas, mas
não são implantadas.
E,
Ver. Pujol, concordo com a sua fala: esse tema instiga a que possamos debater.
Nós aprovamos nesta Casa, colocamos no Plano Plurianual, o incentivo à orla,
colocamos recursos no Orçamento para construir equipamentos náuticos lá em
Ipanema, Belém Novo, Lami, cujo dinheiro caducou, ou seja, não foi utilizado
pelo Governo Municipal. E, no final do ano passado, o Governo foi à imprensa e
disse que havia superávit. É claro que vai ter superávit, se não aplicar nos
projetos que estão aprovados, que são discutidos, que são reivindicados pela
população! E nós propusemos fazer um trapiche em Ipanema; marina, em Belém
Novo, com um trapiche junto ao Centro Cultural, inclusive o ex-Vereador Mauro Fraga
defendia no Lami; Itapuã, a Praia das Pombas; poderia haver uma linha
permanente de turismo pela nossa orla.
Já
que estamos falando em orla, quando falamos nisso parece que a orla não está
ainda ocupada ou utilizada. Se pegarmos a partir do arroio do rio Gravataí,
veremos que a orla de Porto Alegre inicia com todas as empresas ocupando aquela
parte ali, são as empresas de adubo e outras; aí vêm as areeiras e os clubes.
Chegando ao porto de Porto Alegre, vem até a Usina do Gasômetro. O espaço não
ocupado e não privatizado é da Usina do Gasômetro até o Parque Gigante. Aí o
Parque Gigante tem posse daquele pedaço de orla. Passando o Parque Gigante até
o Estaleiro Só - tema do debate de hoje à noite -, novamente está desocupada.
Aí do Estaleiro Só até a Assunção, onde estão os Bombeiros, novamente toda a
orla é ocupada, inclusive com a Colônia de Pescadores da Vila Assunção. Depois
há um pequeno trecho não ocupado novamente. Aí entra a Tristeza toda, a Vila
Conceição, Pedra Redonda, Ipanema e vai até a praia de Ipanema, que é cem por
cento ocupada e privatizada.
Quero
trazer esse debate porque as propriedades ali existentes - todas elas - têm
matrícula de propriedade até a linha d’água. Ver. Barcelos, o senhor que nos dá
a honra hoje de estar nesta Casa conosco, nós precisamos fazer essa discussão.
Qual a relação da propriedade privada com o patrimônio ambiental, cultural como
a orla? Como as pessoas têm acesso à orla? E temos pequenos espaços da orla que
não estão privatizados. Nós poderíamos, sim, exigir do Executivo Municipal,
Ver. Beto Moesch, que apresente já um programa de desenvolvimento da orla,
iniciando por esses trechos que são públicos e que ainda não estão ocupados,
para garantir o acesso à população, e vamos fazer a discussão do restante dos
espaços da orla que estão privatizados.
Sobre
a dita travessia Porto Alegre/Guaíba por transporte fluvial, eu ouvi aqui antes
o debate, Ver. Paulinho Ruben Berta, Ver. Toni Proença, sobre o papel da
Governadora. A Governadora, Ver. Manfro, anunciou várias vezes que iria
inaugurar o transporte náutico de Porto Alegre a Guaíba. Bom, talvez a
Governadora dialogue mais com a comunidade e desenvolva esse projeto, que é um
projeto de Porto Alegre muito caro e necessário para o incentivo da atividade
náutica. Portanto, faço aqui alguns comentários sobre a provocação do Projeto
de Lei que coloca o Salão Náutico do Mercosul no Calendário de Eventos de Porto
Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Está
encerrado o período de Pauta.
A
Verª Juliana Brizola convida todos para um Ato Público no dia 09 de março, na
Assembléia Legislativa, às 16h, pelo Piso Nacional do Professor.
O
Ver. Beto Moesch está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. BETO MOESCH: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, gostaria
de aproveitar o tempo de Liderança para dar continuidade a um debate que
fizemos hoje pela manhã, dentro da Comissão do Plano Diretor, com a vinda do 5°
Comar. Todos nós aprendemos, foi muito enriquecedor para a Casa e para a
Comissão do Plano Diretor. Entendo que a Comissão do Plano Diretor tenha aberto
bem os seus trabalhos de oitivas a autoridades que entendem do assunto.
O
que eu quero ressaltar é justamente o seguinte: estava aqui um militar, muito
bem fardado, falando muito bem, apresentando um PowerPoint, dizendo
exatamente, Ver. Tessaro, o que nós falamos quando licenciamos um
empreendimento. “Cuidado! Não se fazem empreendimentos com Alvará Provisório,
porque isso pode inviabilizar o Aeroporto Salgado Filho! Não se pode fazer um
empreendimento ao redor do Aeroporto, porque senão o próprio Aeroporto poderá
ser inviabilizado, se exigências e cuidados condicionantes não forem tomados”.
Talvez, por ser uma pessoa muito bem fardada, Comandante do 5º Comar, ele foi
aplaudido. Ninguém o chamou de radical, ninguém disse ou ousou dizer que ele
estava atravancando empreendimentos ao redor do Aeroporto!
Então
é a isso que quero chamar a atenção dos meus colegas e dos telespectadores do
Canal 16. Isso é Estudo de Impacto Ambiental! As coisas não podem ser feitas “à
moda miguelão”! E, quando dissemos “alto lá, você quer fazer o
empreendimento?”, nós precisamos fazer, às vezes, reassentamentos, olhar a
drenagem, o esgoto, as alturas, porque pode comprometer, como ele mesmo falou,
a circulação do ar. E às vezes riem quando a gente fala em circulação do ar,
que pode ser prejudicial à sociedade, mas ele foi aplaudido. Se a Fepam, o
Ibama ou a SMAM afirmam isso, dizem: “Ah, eles são radicais. Estão atravancando
o desenvolvimento da Cidade”. Mas é justamente o contrário! O Estudo de Impacto
Ambiental, o planejamento urbano, do qual o Comandante do 5º Comar deixou claro
hoje ser imprescindível para o próprio desenvolvimento da Cidade e para a
qualidade do Aeroporto, é o mesmo que está na lei ambiental federal e
municipal, é o mesmo que obrigatoriamente os órgãos ambientais do Sistema
Nacional do Meio Ambiente precisam garantir. Porque, senão, não há
sustentabilidade no desenvolvimento, senão aquele empreendimento vai mais prejudicar
do que colaborar.
Em
outras palavras, foi isso que o Comandante do 5º Comar veio falar aqui hoje.
Que bom que ele veio aqui dizer isso! Talvez os funcionários da SMAM, os
funcionários da Fepam, os funcionários do Ibama, os conselhos de meio ambiente,
para dizerem algo, Verª Maria Celeste, tenham que usar farda, usar medalhas
para poderem ser respeitados. Porque é impressionante, todos os dias ouvir
mandatários, parlamentares - não estou falando aqui da Câmara, mas do Brasil
afora -, jornalistas, formadores de opinião, dizendo que há exageros, e às
vezes há, claro que sim, mas não na legislação ambiental, que prevê exatamente
o que o Comandante do 5º Comar veio dizer: os cuidados são necessários, as
condicionantes são necessárias, o debate é necessário, o diálogo é necessário,
mesmo que isso demore um pouco, é melhor demorar seis meses a mais, ou um ano a
mais, do que dois, três ou dez anos depois inviabilizar não apenas aquele
empreendimento, mas vários outros empreendimentos e a própria Cidade. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): A Verª
Fernanda Melchionna está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pela
oposição.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, primeiro é importante fazer uma
saudação especial ao nosso colega Lucio Barcelos, que hoje assume seu primeiro
mandato aqui na Casa; ele, que tem uma trajetória reconhecida na defesa da
Saúde Pública, um lutador antigo. Eu queria saúda-lo, com muito carinho, pela
oportunidade de hoje dividir a nossa Bancada, a do PSOL, com ele, isso
certamente se repetirá em muitas oportunidades. Faço essa saudação também a
pedido da Verª Maria Celeste, saudação do PT, ao Ver. Lucio Barcelos.
Durante toda a semana passada e um pedaço desta,
estivemos debatendo aqui nesta Casa o problema da Educação, principalmente a
questão da Educação Estadual, pelos cortes gritantes, pelos graves problemas
por que passa a rede pública estadual. Entretanto, não podemos esquecer da rede
municipal. Recentemente, a Prefeitura fez um concurso público para provimento
de professores, para provimento de bibliotecários e diversos cargos técnicos
para o Município de Porto Alegre, entretanto as aulas da nossa Cidade começaram
sem professores em dezenas de escolas, e a Prefeitura quer fazer um contrato
emergencial de professores, em vez de agilizar a contratação daqueles que já
passaram no concurso público.
Primeiro,
é importante fazer a consideração com relação à precarização do trabalho do
professor. Nós defendemos o concurso público, os funcionários concursados, pela
questão da carreira, da qualificação, pela questão da própria qualidade da
Educação em sala de aula. E, em segundo lugar, em relação ao contrato
temporário que a Prefeitura quer fazer, vai demorar em torno de um mês a
análise dos sete mil currículos, por meio de entrevistas individuais. Portanto,
nesse período de um mês, não é mais correto o Prefeito Municipal e a Secretaria
de Educação agilizarem o processo de contratação dos concursados que prestaram,
estudaram e fizeram as provas para serem professores do Município?
Em
terceiro lugar, falando em Educação Estadual e Municipal, nós sabemos que
existe uma dívida histórica com os brasileiros e as brasileiras. Hoje, a cada
quatro jovens, um é analfabeto funcional, ou seja, não tem capacidade de ler um
texto e compreendê-lo, porque falta política de leitura pública no nosso País.
É verdade que houve algumas iniciativas a partir de 1992, na legislação
federal, com relação à obrigatoriedade das bibliotecas públicas estaduais e
municipais. Entretanto, causa muito espanto, quando nós lemos no jornal Zero
Hora do dia 02 a entrevista do Sr. Secretário de Cultura, Sergius Gonzaga,
dizendo que o custo de uma biblioteca inclui bibliotecário,
técnico-administrativo, segurança, que é um catatau de dinheiro, e que aí
surgiu a idéia de criar as casas de leitura. Dez casas de leitura funcionarão
nas vilas da Capital, etc. e serão geridas pela comunidade. Essa é a política
de leitura do Município. Uma política de leitura que não respeita a legislação
federal, em que a profissão do bibliotecário é regulamentada desde 1961 como
uma profissão capacitada de gerenciar o conhecimento, recuperar a informação e
incentivar o hábito da leitura.
Segundo
o Sr. Secretário Municipal de Cultura, também não se dispõe de política para
que as casas de leitura sejam, de fato, um instrumento com dotação
orçamentária, com bibliotecários e funcionários, para que se tenha uma política
coerente e concreta de incentivo ao hábito de leitura no nosso Município. O que
for para auxiliar a população, para ter livros à disposição, para ser um espaço
de leitura e lazer deverá ser gerido voluntariamente pela comunidade. O Sr.
Secretário diz que é caro, que custa muito investir na leitura para a população
de Porto Alegre. Então, fica a sugestão para o Sr. Sergius, para o Prefeito
Fogaça: cortem a verba de publicidade. Em 2007 foram mais de 15 milhões de
reais gastos em publicidade, dinheiro menor do que foi gasto em Educação, Saúde
e Segurança Pública no mesmo período. Gastam mais dizendo que fizeram do que
fazendo de verdade. Por favor, tenhamos uma política de leitura coerente,
concreta no Município de Porto Alegre.
(Não
revisado pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell):
Está cumprida a nossa Pauta. Visivelmente não há quórum.
Faço
um apelo para que os Vereadores estejam na Audiência Pública hoje, às 19 horas.
Também faço a convocação à população que está nos assistindo para que
compareça, porque é extremamente importante discutirmos o futuro da nossa orla,
em especial o Projeto Pontal do Estaleiro. Tenham todos uma boa tarde.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a
Sessão às 16h36min.)
* * * * *